Três dias após a chuva que destruiu Petrópolis, familiares ainda procuram por parentes
No Caxambu, um homem ajudava nas buscas pelos dois irmãos; eles estão entre os 116 registros de pessoas desaparecidas, segundo a Polícia Civil
Nas primeiras horas da manhã desta sexta-feira (18), Marco Kronemberg acompanhava os trabalhos dos bombeiros em Caxambu, uma das áreas mais castigadas pelas chuvas em Petrópolis.
Apreensivo, ele mexia nos entulhos com as próprias mãos chegando a encontrar um porta-retratos, intacto, com a foto de um familiar. Na casa, agora completamente destruída, moravam os dois irmãos, um mais velho e o outro mais novo que ele.
Marcelo Kronemberg, de 53 anos, o irmão mais novo de Marco, está desaparecido desde o temporal que atingiu a cidade, na Região Serrana do Rio de Janeiro, na noite da última terça-feira (15).
Segundo vizinhos, Marcelo estava na janela, fazendo imagens da chuva que caia, quando um deslizamento de terra e atingiu a casa onde morava com o irmão Luiz Antônio Kronemberg Mendes, de 59 anos, que também está desaparecido.
“Ele estava filmando a água que estava descendo. Não teve tempo de sair, infelizmente. Os vizinhos falaram a hora que caiu, quase pegando ele. E eu fiquei sabendo por que eu tinha ligado para ele um pouquinho antes. Falava todo dia”, afirma Marco.
A residência dos Kronemberg é uma das quatro que sumiram em meio aos destroços. Voluntários que conhecem o local estão ajudando os bombeiros a identificar os imóveis e moradores. Ainda não se sabe quantos estão desaparecidos.
De acordo com a última atualização da Polícia Civil do Rio de Janeiro, na noite desta quinta-feira (17), foram registradas 116 pessoas desaparecidas pela Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA).
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Durante os trabalhos, os policiais identificaram três pessoas que constavam na lista de desaparecidos, localizadas em um dos pontos de acolhimento das famílias desalojadas.
Ainda de acordo com a Polícia Civil, os dados da lista dos desaparecidos estão sendo cruzados com a relação do IML. Até o momento, o órgão recebeu 120 corpos. O número de mortes até a tarde desta sexta-feira (18) estava em 123.
Destes, foram reconhecidas 15 vítimas fatais que estavam entre os procurados por familiares e amigos. Os agentes da unidade especializada seguem percorrendo os pontos de apoio e abrigos da cidade para preencher formulários e concluir as formalidades legais.
Com apoio dos voluntários, Marco diz que vai continuar ajudando nas buscas, ao lado dos bombeiros, até conseguir notícias dos irmãos. Emocionado ele lembra a época que morou na mesma casa que os irmãos e diz nunca imaginava que o local se transformaria naquele cenário de tragédia.
“Em 88, eu cheguei a ver alguma coisa assim, mas não assim nessas proporções, envolvendo a gente. Não tem palavras, difícil”, lamentou.