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    Torcedor suspeito de arremessar garrafa em mulher é indiciado por homicídio doloso por motivo fútil

    Defesa de Jonathan Messias Santos da Silva afirma que vídeos usados em laudo policial foram editados

    Mathias BroteroBianca Camargoda CNN

    em São Paulo

    O torcedor Jonathan Messias Santos da Silva, acusado de ter lançado uma garrafa de vidro que matou a palmeirense Gabriela Anelli, foi indiciado pela polícia por homicídio doloso na modalidade de dolo eventual por motivo fútil.

    Jonathan foi interrogado no Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), em São Paulo, na tarde desta terça-feira (8). A polícia pretende pedir a prisão preventiva nos próximos dias.

    O advogado José Victor Moraes, que defende Jonathan Messias Santos da Silva, contestou um vídeo usado pela polícia, para acusar o homem de ter arremessado uma garrafa que atingiu a torcedora.

    “O laudo que a Polícia Técnica e a Polícia Civil apresentou é um laudo que só fala de probabilidade. Suposta hipótese. Não há nada de concreto. Nós contratamos um grupo de peritos, vamos elaborar a nossa perícia, e vamos debater a prova pericial”, disse.

    Para a defesa, o laudo não traz embasamento para a acusação. “Foi baseado em vídeos que não foram originais. O próprio laudo informa isso. E os vídeos foram editados. Então não sabemos a fonte dos vídeos e nem que momento foi editado.”

    A diretora do DHPP, delegada Ivalda Aleixo, rebateu a versão da defesa.

    “A gente foi procurar os vídeos originais. Editado? Editar no que, em que parte? O que acontece é que a gente pega o vídeo no momento em que interessa. Não vou pegar um vídeo que tá lá desde as seis da manhã. Vai me interessar das cinco da tarde para frente. Mas não tem nada editado. Isso pode ser feita uma contra-perícia, pode ser contratado. Não foi nada editado”, afirmou.

    A defesa apresentou um pedido de habeas corpus na segunda instância do Tribunal de Justiça de São Paulo, na segunda-feira (7). O advogado defende a tese de que não há base legal para a prisão preventiva ou temporária de seu cliente e argumenta que o torcedor é réu primário, com o que chama de bons antecedentes.

    “Tem domicílio certo, ele é professor, ele é servidor municipal tanto da prefeitura do Rio [de Janeiro] e também do município de Seropédica. Ele é casado, tem um filho de dois anos. Não tem justificativa para a decretação da prisão preventiva. Até porque a prisão temporária nem se justifica pela lei”, afirmou.

    A diretora do DHPP explicou que, apesar do histórico do torcedor, o trabalho da perícia, com escaneamento no local onde a mulher foi atingida pela garrafa, em conjunto com o da investigação, indica que o objeto arremessado pelo torcedor é o único que poderia ter atingido a torcedora.

    “Não fomos levianos. Pode ter certeza, porque se perdeu uma vida. E de uma forma ou outra se estraga outra, porque ele não tem antecedentes, ele é casado, tem um filho, é professor, não é de nenhuma torcida violenta do Flamengo. A gente tem consciência disso. Ele participa, acompanha com a turma dele, então a gente lamenta mesmo o ocorrido, mas não deixa dúvidas”.

    O interrogatório durou cerca de uma hora e meia. O advogado afirmou que seu cliente se manteve calado, seguindo uma estratégia da defesa. Após o interrogatório, o suspeito não falou com a imprensa e deixou do DHPP no porta-malas de uma viatura policial. Jonathan seguirá preso temporariamente.

    Histórico

    Jonathan Messias, de 33 anos, foi preso no dia 25 de agosto, no Rio de Janeiro. Câmeras de reconhecimento facial ajudaram a polícia a reconhecer o torcedor.

    A polícia informou que Jonathan Messias é o homem de barba e camiseta cinza que aparece em um vídeo arremessando a garrafa pelo espaço entre os tapumes que separavam as duas torcidas durante a briga, no Allianz Parque, em São Paulo.

    Gabriela Anelli morreu após ser atingida por uma garrafa de vidro no pescoço. Um suspeito havia sido preso, mas teve a prisão revogada após vídeos levados ao órgão mostrarem que o objeto teria sido arremessado por outra pessoa.

    Segundo a Polícia Militar, o tumulto começou quando dois torcedores flamenguistas entraram em uma das ruas que dá acesso ao portão A do estádio palmeirense, o que gerou a insatisfação de torcedores alviverdes que assistiam ao jogo em estabelecimentos comerciais na área externa do Allianz Parque.

    Uma confusão generalizada começou e uma garrafa de vidro, entre outras coisas, foram lançadas. Além de Gabriela, outro torcedor também ficou ferido.