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    Tia do goleiro Weverton morre após ação da PM em sua casa no Acre

    Agentes usaram spray de pimenta e prenderam duas filhas da vítima por desacato

    Letícia CassianoJulia Fariasda CNN*

    Maria José Pereira, de 67 anos, morreu na última terça-feira (13) após passar mal durante uma ação da Polícia Militar em sua casa, no bairro Pista, em Rio Branco. A idosa era tia do goleiro Weverton, atleta do Palmeiras.

    Segundo relato da família, por volta das 20h30 de quinta-feira (8), agentes da PM invadiram a residência sem mandado, buscando por um dos filhos de Maria José, primo de Weverton, que está preso há dois anos pelo crime de furto.

    Quando a família explicou que o homem está preso, os policiais usaram spray de pimenta na idosa, nas filhas dela que estavam presentes durante a abordagem e nos netos menores de idade.

    Em nota, o Comando-Geral da Polícia Militar prestou condolências à família e informou a instauração de Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar a conduta dos policiais envolvidos.

    A OAB do Acre publicou uma nota de repúdio à agressão sofrida também pela advogada da família, que foi empurrada e teve acesso aos clientes impedido na Delegacia de Flagrantes.

    O momento das prisões

    À CNN, a advogada Helane Christina, que representa a família de Maria José, contou que os agentes da PM chegaram na casa usando uma linguagem agressiva e procuraram motivo para multar a moto de uma das filhas da idosa, que havia chegado na casa durante a abordagem.

    “Quando os agentes foram embora, Maria José, que sofria de problemas cardíacos, já estava passando mal, e uma das filhas gritou com os policiais. Eles pararam o carro e voltaram de forma descontrolada e agressiva. As irmãs correram para dentro da casa, mas eles entraram na sala e prenderam as duas. Uma delas está cheia de hematomas”, conta a advogada, que foi chamada na Delegacia de Flagrantes após as prisões por desacato.

    Tia do goleiro Weverton morre após ação da PM em sua casa no Acre. Imagem mostra ação dps PMs / Reprodução

    “Elas foram presas, e isso é tudo o que aconteceu. A mãe estava ali o tempo todo, segurando a cintura de uma das filhas, implorando para que ele não as levasse”, continuou a advogada, se referindo a imagens do momento da ação.

    A advogada também ressaltou que o crime de desacato não justifica a invasão de domicílio, previsto no artigo 5º da Constituição Federal. Ela conta que depois da abordagem, os familiares que ficaram na casa chamaram o SAMU para Maria José, que foi conduzida para o pronto-socorro da cidade de Rio Branco.

    A idosa ficou internada por seis dias, até às 5 horas da manhã do dia 13, quando teve um princípio de infarto por acúmulo de água no pulmão. Mesmo após ser estabilizada, sofreu uma parada cardíaca e veio a óbito.

    Outro vídeo mostra Helane Christina chegando na delegacia na noite da confusão e sendo empurrada pelo mesmo policial que realizou as prisões, o Sargento Manoel Ribeiro do Nascimento Neto. Ele tentava impedir que a mulher chegasse até as clientes.

    “A Comissão da Mulher Advogada entende que se trata de um caso de misoginia e repudia qualquer excesso de ordem física em face da advocacia, […] notadamente as advogadas criminalistas que convivem diariamente com situações hostis quanto ao gênero”, diz a nota de repúdio da OAB.

    A CNN tentou contato com a assessoria do jogador Weverton, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.

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