‘Tenho família, não vou pagar pra ver’, diz manobrista ameaçado por empresário
Empresário ameaçou funcionário em bar após estacionar veículo em calçada


Humilhado e ameaçado enquanto trabalhava em um bar de Campinas, o manobrista Jailton do Nascimento, 30 anos, conta que resolveu registrar um boletim de ocorrência para proteger a mulher e os dois filhos, com quem mora na cidade. No último sábado (28), o empresário Tiago Zouain Gonçalves, 40 anos, disse que iria atirar contra Jailton e o ofendeu afirmando que o que o funcionário ganha de salário ele “gasta em um dia”.
“Minha expectativa é que seja feita justiça e que ele não faça isso com mais ninguém. Como foi ameaça, de dar um tiro, resolvi registrar o boletim de ocorrência como prevenção. Eu tenho família, não vou pagar para ver se ele vai cumprir a ameaça ou não”, relata Jailton.
De acordo com o boletim de ocorrência, a confusão começou após o empresário estacionar o carro na calçada do estabelecimento e ser informado pelo manobrista de que não poderia deixar o veículo no local. Jailton conta que se ofereceu para colocar o carro no local correto. Porém, depois disso, ele começou a ser ofendido.
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“Vou dar um tiro na cabeça desse m* aqui. Seu m*. Vai ver o tamanho do buraco que sai atrás da sua cabeça, seu b*. Seu b* do c*. Tira uma comigo, seu b* do c* pra você ver. Você é um m*. O que você ganha em um mês, eu gasto em um dia. Seu b*”, fala Tiago, enquanto aponta em direção ao manobrista com sinal de arma na mão —o vídeo que circula nas redes sociais.
Ao relembrar das agressões verbais que sofreu, Jailton afirma que se sentiu humilhado e com medo. “Trabalho lá há um ano e nunca passei por nada parecido. Tem oito anos que moro aqui em Campinas, nunca passei por isso em canto nenhum, nem na minha cidade”, comenta. Antes de se mudar para a cidade paulista, ele morava em Novo Triunfo, na Bahia.
A Polícia Militar foi acionada e não encontrou nenhuma arma no veículo de Tiago. O empresário deixou o bar acompanhado pelo pai.
Além do registro de injúria e ameaça na Polícia Civil, o advogado do manobrista, Ícaro Batista, diz que entrou com uma ação de reparação de danos morais.
“Toda a coletividade se sente um pouco ofendida com a humilhação e discriminação que ocorreu ali. Além disso, meu cliente estava trabalhando, não estava em situação de igualdade com o empresário, não podia revidar”, afirma.
A reportagem tentou contato com Tiago, mas não obteve retorno até a publicação deste texto.