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    Técnicos da Anvisa relatam pressão e se veem envolvidos em disputa política

    Segundo relatos de funcionários da agência, a pressão política tomou proporções 'inimagináveis' no órgão

    Da CNN, em São Paulo

    Técnicos da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) relataram clima de tensão no órgão e se dizem envolvidos em uma disputa política, após a agência negar nesta semana o pedido de importação da vacina russa Sputnik V. As informações são da analista da CNN Renata Agostini.

    Segundo relatos de funcionários da Anvisa, a pressão política na agência tomou proporções “inimagináveis”, especialmente após o governo russo questionar a avaliação da instituição sobre a Sputnik V e ter “dobrado a aposta” ao ameaçar entrar com processo contra o órgão.

    Os funcionários da agência agora dizem se preocupar em blindar o corpo técnico da Anvisa, e afirmam que, sem armas científicas, não conseguem entrar na disputa política para resistir à pressão.

    A cúpula da Anvisa diz que, além dos questionamentos do governo russo, os governadores que negociam a compra da Sputnik V também exercem pressão na agência e que a questão pode começar a ser resolvida com o envio de documentos sobre a segurança do medicamento.

    Novos estudos sobre a vacina russa já foram enviados para a Anvisa pelo governo russo via Consórcio do Nordeste, e a expectativa é que os novos documentos respondam as dúvidas da agência sobre a Sputnik V.

    Fachada da sede da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
    Fachada da sede da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
    Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

    Disputa

    Na segunda-feira (26), a Anvisa negou o pedido de importação da Sputnik V. De acordo com o gerente-geral de medicamentos e Produtos Biológicos da Anvisa, Gustavo Mendes, a vacina pode oferecer risco à segurança em razão dos chamados “adenovírus replicantes” encontrados em todos os lotes da vacina vistoriados pela agência sanitária brasileira. 

    “Isso significa que o vírus que deve ser utilizado apenas para carrear material genético do coronavírus para as células humanas e assim promover a resposta imune, ele mesmo se replica. Esse procedimento está em desacordo com o desenvolvimento de qualquer vacina de vetor viral”, explicou Mendes.

    Pouco antes da decisão da Anvisa, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) havia aprovado a liberação comercial do imunizante. A medida foi tomada pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), ligada à pasta. 

    Diante da decisão da Anvisa, o presidente do Fundo Russo de Investimento Direto (RDIF, na sigla em inglês), Kirill Dmitriev, demonstrou surpresa, e afirmou em coletiva de imprensa que a agência brasileira agiu sob uma suposta pressão política dos Estados Unidos.

    Em resposta ao RDIF, Gustavo Mendes disse que “o corpo técnico da Anvisa não está embasado em questões políticas, internacionais ou outras que não sejam a ciência”.

    Segundo Mendes, o principal motivo da Anvisa em não aprovar a vacina foi a falta de documentação consistente e confiável sobre o medicamento. “A pandemia exige critérios que sejam diferenciados, que considerem o risco-beneficio e a urgência da questão”, completou Mendes. 

    Na quinta-feira (29), representantes da Sputnik V ameaçaram mover um processo judicial contra Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) por difamação” e, em coletiva de imprensa, a agência respondeu as críticas.

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