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    Tarcísio veta projeto que dava nome da banda Mamonas Assassinas a estação de trem na Grande SP

    Governador alegou "razões técnicas e jurídicas" para rejeitar a proposta; ao longo dos últimos anos, porém, outras estações foram renomeadas em homenagem a pessoas ou instituições

    Fábio Munhozda CNN , Em São Paulo

    O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) vetou nesta semana um projeto de lei aprovado pela Assembleia Legislativa para dar o nome da banda Mamonas Assassinas a uma estação da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) em Guarulhos, na Grande São Paulo.

    O projeto, que havia sido aprovado pelos deputados estaduais em março deste ano, propunha rebatizar a atual estação Guarulhos-Cecap como Cecap-Mamonas Assassinas.

    A decisão foi tomada pelo governador na última terça-feira (23) e o veto foi publicado na edição desta quinta-feira (25) do Diário Oficial do Estado.

    Em mensagem aos deputados estaduais, Tarcísio argumenta que a decisão pelo veto foi tomada por “razões técnicas e jurídicas”. Ele cita que a CPTM é uma “sociedade de economia mista” regida “pelas normas da Lei das Sociedades por Ações”.

    Dessa maneira, argumenta o governador, “empresa detém autonomia para gerir os bens que integram o seu patrimônio, dentre os quais se incluem suas estações, que não se equiparam a prédios ou repartições públicas, para os fins da Lei nº 14.707, de 8 de março de 2012, que dispõe sobre a denominação de prédios, rodovias e repartições públicas estaduais”.

    “Destaque-se que a gestão do patrimônio de empresas como a CPTM, incluindo a outorga de denominações, é tema que refoge ao domínio da lei, sob pena de afronta ao regime jurídico ao qual está subordinada”, complementa.

    O governador justifica ainda que “a definição da nomenclatura das estações da CPTM vincula-se a conceitos e critérios técnicos prefixados em normas administrativas da sociedade, os quais enfocam aspectos referentes às condições históricas e geográficas da região onde se localiza o equipamento”. “Também são considerados os pontos referenciais que tenham relação com a história local ou que tenham significado para a população e que sejam de aceitação popular.”

    Tarcísio destaca que a estação foi inaugurada em março de 2018, “de modo que sua nomenclatura está plenamente consolidada, tanto local como em toda a rede metropolitana”.

    Por fim, o governador paulista salienta que “a pretendida modificação acarretaria elevados custos em decorrência da necessária troca da comunicação visual, mostrando-se, nesse aspecto, contrária ao interesse público”.

    O projeto vetado foi apresentado em 2018 e é de autoria do deputado Jorge Wilson Xerife do Consumidor (Republicanos) e do ex-deputado Gileno Gomes. A Assembleia Legislativa ainda pode votar a derrubada do veto de Tarcísio.

    Outras mudanças de nomes

    Apesar de o governador justificar que não pode alterar o nome de estações, ao longo dos últimos anos, diversas paradas do Metrô e da própria CPTM foram rebatizadas para homenagear pessoas, lugares ou instituições.

    Veja as estações que tiveram os nomes alterados:

    No Metrô:

    • Palmeiras-Barra Funda
    • Jardim São Paulo-Ayrton Senna
    • Portuguesa-Tietê
    • Japão-Liberdade
    • Santos-Imigrantes
    • Vila Sônia-Profª Elisabeth Tenreiro

    A estação Corinthians-Itaquera não entra nesta lista porque quando foi inaugurada, em 2003, já recebeu este nome.

    Na CPTM:

    • Juventus-Mooca
    • São Caetano do Sul-Prefeito Walter Braido
    • Santo André-Prefeito Celso Daniel
    • Ribeirão Pires-Antônio Bespalec
    • Bruno Covas-Mendes/Vila Natal

    Além dessas, outras paradas tiveram os nomes alterados por causa dos chamados naming rights –quando uma marca paga para poder usar seu nome nas estações.

    Entre os exemplos de estações rebatizadas por causa dos naming rights estão: Saúde-Ultrafarma, Paulista-Pernambucanas, Carrão-Assaí Atacadista e Penha-Lojas Besni.

    Procurada pela CNN, a CPTM repetiu as justificativas apresentadas no veto do governador e acrescentou que a denominação das estações segue critérios estabelecidos em norma interna, que indica estudos de “identificação rápida ou referencial urbano”, “condições históricas e geográficas da região”, “possibilidade de o passageiro situar cada equipamento no contexto da linha”, “pontos referenciais que tenham relação com a história do local, ou especial significado para a população”, “características eufônicas que facilitem a memorização dos nomes e que não possibilitem deformações” e “nome para um equipamento que não se confunda com algum outro equipamento ou lugar”.

    “Também são realizados estudos toponímicos e históricos, além de pesquisa de opinião com moradores do entorno e passageiros da companhia, por meio de perguntas espontâneas e estimuladas, de modo a identificar o nome mais adequado para uso no sistema. Esses foram os procedimentos adotados em relação à Estação Guarulhos-Cecap, da Linha 13-Jade da CPTM, onde o Cecap – conjunto de habitação popular existente no município de Guarulhos – foi identificado como a referência mais significativa para a população”, finaliza a companhia.

    Quem foram os Mamonas Assassinas

    A banda Mamonas Assassinas foi um grupo de rock formado em 1995 em Guarulhos, composto por Dinho (vocal), Bento Hinoto (guitarra), Samuel Reoli (baixo), Júlio Rasec (teclado) e Samuel Reoli (bateria).

    As músicas da banda misturavam ao rock elementos do sertanejo, heavy metal e forró e apresentavam letras cômicas.

    O grupo lançou somente um álbum, que vendeu cerca de 2 milhões de cópias em apenas seis meses no ano de 1995.

    Todos os integrantes da banda morreram em um acidente aéreo ocorrido na Serra da Cantareira, próximo ao aeroporto de Guarulhos, em março de 1996.

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