Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    “Tadizuera”, de Nego Di, enviou e-mail aos clientes afirmando que “troca de sistema desorganizou estornos”

    À CNN, vítimas disseram que não houve ressarcimento de valores por parte da loja do influenciador; defesa não se manifestou

    Rafael Villarroelda CNN*

    A loja virtual “Tadizuera” do influenciador Dilson Alves da Silva Neto, conhecido como Nego Di, que está preso desde o último domingo (14) por suspeita de liderar um esquema de estelionato, enviou um e-mail aos compradores alegando problemas de “desorganização” e prometeu devolver o dinheiro dos produtos não enviados.

    Escrito em 2022, o e-mail solicitava às vítimas que enviassem seus dados bancários, número do pedido, nome e o valor pago no produto comprado que não foi recebido.

    Entretanto, nenhuma das vítimas consultadas pela CNN teve resposta ao e-mail enviado, e muito menos o valor perdido.

    “Eu enviei e-mail dos estornos, sim, mas nunca me retornaram”, disse uma das pessoas.

    A CNN obteve uma captura de tela, que mostra o comunicado da loja “Tadizuera” falando sobre os pedidos de ressarcimento dos valores.

    Veja abaixo:

    Mensagem de 2022 mostra pedido de dados para um “novo sistema” da empresa “Tadizuera”, de Nego Di, que, segundo as investigações, não entregou produtos – Reprodução/Cedida à CNN

    Na mensagem, a empresa afirma que uma “troca de sistema desorganizou estornos”. A CNN procurou a defesa de Nego Di para comentar o e-mail enviado pela empresa, mas não obteve retorno.

    Conversa por WhatsAp

    Em outra mensagem obtida pela CNN, Nego Di conversa pelo WhatsAp com uma das vítimas sobre a devolução do dinheiro gasto em um produto que não foi entregue.

    A vítima, que preferiu não ser identificada, conta que viu os anúncios da loja em redes sociais e comprou 33 aparelhos de ar-condicionado com objetivo de revender os produtos e pagar um tratamento médico. Em março de 2022, o homem fez um empréstimo e realizou a compra.

    Os eletrodomésticos nunca chegaram. Após o esgotamento dos prazos de entrega, a loja justifica a demora por problemas com fornecedor e quebra de contrato da empresa, segundo a vítima. “E Nego Di voltava à sua rede social e pedia que tivéssemos tranquilidade, que não era golpe, que a loja era dele e que podíamos confiar”, afirma.

    Em prints de conversas de WhatsApp que a CNN teve acesso, a vítima questiona Nego Di sobre o não recebimento dos seus produtos. Depois de dias sem responder, as promessas de resolução que envolvem a resolução do dinheiro se estendem e o influencer volta a afirma: “Acho que vai sair teu estorno hoje!”.

    Veja:

    Preso em Canoas

    No último domingo (14), o humorista foi preso preventivamente em Santa Catarina, e foi levado sob custódia para o Rio Grande do Sul, onde corre o processo. No início da noite, ele foi apresentado no Palácio da Polícia e logo após, transferido para a Penitenciária Estadual de Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre.

    Procurada, a defesa de Nego Di não retornou até a publicação desta reportagem.

    No início da tarde desta terça-feira (16), a Justiça do Rio Grande do Sul negou o pedido de habeas corpus da defesa do humorista.

    A defesa de Anderson Boneti não foi localizada.

    O esquema

    Segundo as investigações, Nego Di vendia produtos incluindo TVs, ar-condicionado e aparelhos celulares por um preço abaixo do mercado e não os entregava.

    Nas redes, ele dizia ter sido contratado por Anderson Boneti, que também foi indiciado por estelionato e está foragido, para apenas divulgar os produtos, mas em outro vídeo dizia ser o dono e garantia a entrega do produto aos clientes.

    Uma das vítimas do golpe, que teve um prejuízo de R$ 30 mil, ao comprar dois celulares e alguns ar-condicionado, contou à CNN sobre o modus operandi de Nego Di.

    Segundo ela, o suspeito vendeu, em 2022, aparelhos celulares com valores bem abaixo do mercado e fez a entrega, para dar veracidade ao golpe.

    Logo após, ele anunciou que criaria uma loja virtual, vendendo produtos em preço baixo para que todos pudessem ter acesso.

    O prazo de entrega dos produtos era de 50 dias, o que para a polícia foi um plano idealizado por Nego Di, para poder ludibriar outras pessoas, fazendo mais promoções para atrair outros clientes nesse tempo.

    A partir da procura das vítimas à polícia, houve quebra de sigilo bancário, demonstrando que, em um curto período de tempo Nego Di recebeu mais de R$ 300 mil, confirmando o dolo de estelionato.

    “Ninguém mandou comprar televisão”

    Em vídeos obtidos pela CNN, Nego Di aparece em um carro de luxo enquanto conversa com um homem que registra o momento enquanto diz “ninguém mandou comprar televisão”, “ninguém mandou comprar ar-condicionado” e “olha a TV aí”, em referência ao veículo da marca BMW.

    Veja o momento abaixo:

    Já em outro vídeo, Nego Di participa de um podcast com amigos, onde todos riem quando ele diz que “lançou uma promoção” do ar-condicionado, além de afirmar que a loja é dele mesmo.

    Em outro trecho, ele comenta sobre a origem dos produtos, e diz que se os produtos não forem entregues é pelo “usuário não encontrado”, mencionando que caso não tenha chegado, é por conta da loja não ter encontrado o destinatário.

    Veja:

    *Sob supervisão

    Tópicos