Soldado espancado em quartel do Exército foi vítima de trote, diz advogado
CNN teve acesso a prints da conversa de um cabo, descrito como um dos agressores, com a vítima e a imagens do caso; veja
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Um trote foi apontado como a motivação para uma sessão de espancamento de um soldado de 19 anos dentro de um quartel do Exército Brasileiro.
A CNN teve acesso a prints da conversa de um cabo, descrito como um dos agressores, com a vítima e a imagens do caso. O caso ocorreu na quinta-feira (16) no 13° Regimento de Cavalaria Mecanizado, em Pirassununga, no interior de São Paulo. De acordo com a defesa do soldado, as agressões seriam um rito de passagem em função do engajamento do jovem, que se tornaria um militar do quadro efetivo.
Quatro soldados e um cabo participaram da ação. Na troca de mensagens, após ser questionado pelo cabo, o soldado vítima encaminhou fotos das nádegas e dos cotovelos tomados por hematomas e a seguinte mensagem: “acabaram com a minha vida”. O cabo então respondeu: “Não fizemos nada com você. Você aceitou a brincadeira.”

De acordo com o relato da vítima, o cabo designou que ele e outros dois soldados limpassem um depósito de caixas. Depois os soldados determinaram que ele limpasse uma câmara fria. Ao chegar ao local, os agressores mandaram que ele baixasse as calças, o que ele negou.
Eles, então, o forçaram a retirar a peça de roupa, pegaram uma vassoura e a esfregaram entre as nádegas dele, conforme o relato. O soldado conseguiu se desvencilhar e saiu do local. No entanto, ele foi novamente atacado em outro depósito, onde foi espancado.
Ainda segundo o relato, os cinco militares utilizaram objetos como um cabo de vassoura, uma colher industrial e uma ripa de madeira para bater no soldado. A maior parte dos golpes foi na região das nádegas e pernas.
Pablo Canhadas Pereira, advogado do jovem, afirma que os militares quebraram o cabo da vassoura enquanto batiam no colega: “Ele apanhou muito. Na minha concepção isso é tortura”, declarou.
Após as agressões, o jovem precisou ser encaminhado ao pronto-socorro local, onde recebeu atendimento médico.
O advogado também relara que o jovem tentou tirar a própria vida ao chegar em casa. A Polícia Militar foi chamada por familiares e conseguiu resgatá-lo e levá-lo ao hospital. O fato foi registrado em um boletim de ocorrência. O soldado já foi liberado do hospital e está sendo medicado em casa. Ele deverá passar por novos exames nesta semana em um hospital militar.
Em nota, o Comando Militar do Sudeste informou que “foi instaurado Inquérito Policial Militar para apurar o caso. Os envolvidos serão punidos e expulsos das fileiras do Exército“.
“O Exército Brasileiro não compactua com qualquer conduta ilícita envolvendo seus integrantes”, finaliza o comando.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, o soldado realizou, também, o exame de corpo de delito, procedimento necessário para a investigação da agressão.
O caso foi registrado no 1° Distrito Policial de Pirassununga como lesão corporal.