Piloto pediu “retorno imediato” antes de avião cair em SP; ouça
Logo após o acidente, controladora da torre pede a outros pilotos informações sobre o PS-FEM; duas pessoas morreram
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Destroços do avião que caiu na Barra Funda, zona oeste de São Paulo • Paulo Pinto/Agência Brasil
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Destroços do avião que caiu em São Paulo no dia 7 de fevereiro • Werther Santana/Estadão Conteúdo
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Queda da aeronave na Barra Funda • Imagem Pessoal
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Queda da aeronave na Barra Funda • Imagem Pessoal
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Queda da aeronave na Barra Funda • Imagem Pessoal
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Vídeo publicado apontava o trajeto até Porto Alegre • Reprodução/Redes Sociais
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Avião caiu em avenida da zona oeste de São Paulo • Reprodução/Redes Sociais
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Queda da aeronave na Barra Funda • Portal Morro Grande & Região
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Queda da aeronave na Barra Funda • Portal Morro Grande & Região
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Gustavo Carneiro Medeiros, ex-piloto da Azul Linhas Aéreas, foi identificado como o piloto do avião que caiu em São Paulo nesta sexta-feira (7). • Redes Sociais
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Queda da aeronave na Barra Funda • Portal Morro Grande & Região
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Queda da aeronave na Barra Funda • Reprodução
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Queda da aeronave na Barra Funda
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Queda da aeronave na Barra Funda • Reprodução
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Queda da aeronave na Barra Funda • Reprodução
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Queda da aeronave na Barra Funda • Reprodução
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Queda da aeronave na Barra Funda • Imagem Pessoal
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Queda da aeronave na Barra Funda • Imagem Pessoal
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Queda da aeronave na Barra Funda • Imagem Pessoal
Poucos segundos após decolar do aeroporto Campo de Marte na última sexta-feira (7), o piloto Gustavo Carneiro Medeiros solicitou “retorno imediato” à torre de controle. Ele comandava o turboélice bimotor que caiu na zona oeste da capital paulista. O acidente deixou duas pessoas mortas.
Uma gravação obtida pelo site “Aeroescuta” e cedida à CNN pelo canal “Golf Oscar Romeo” mostra o diálogo do piloto com a torre.
Ouça o áudio:
Segundos após decolar, Medeiros, solicita “retorno imediato. O pedido pode ser ouvido no áudio acima a partir de 1:13. Ele se refere à aeronave como Fox Echo Mike –ou FEM, no alfabeto fonético. O prefixo do avião acidentado era PS-FEM. Em seguida, a controladora de voo tenta contato com Medeiros, mas não é respondida.
Ela pergunta, então, se o piloto da aeronave que estava aguardando autorização para decolar consegue contato com o PS-FEM.
Controladora: – Romeo Sierra Delta [RSD], é possível fazer contato com o Fox Echo Mike [FEM]?
Piloto de outro avião: – Fox Echo Mike, Fox Echo Mike, na escuta do Sierra Delta? Fox Echo Mike na escuta do Sierra Delta?
Controladora: – Fox Echo Mike copia a torre Marte? Fox Echo Mike copia a torre Marte?
Segundos depois, outro piloto reporta à torre a possibilidade de “ter acontecido algum problema” com o PS-FEM. Ele relata ter visto fumaça nas proximidades do aeroporto.
A torre orienta ao avião de matrícula final RSD que aguarde para decolar. “Romeo Sierra Delta vai aguardar mais alguns instantes para a decolagem, ok? Mantenha a posição de espera”, declarou a controladora. “’Tô’ aguardando, senhorita. Que tragédia, senhorita”, respondeu o piloto.
A partir do minuto 3:03, a controladora pergunta a outro piloto se, da posição em que ele estava, ele conseguia enxergar a fumaça. “Estou próximo ao fogo”, respondeu. Ele questiona à profissional da torre de controle se ela “necessita de alguma coisa” que ele pudesse ajudar.
Controladora: – O senhor consegue identificar se caiu alguma aeronave?
Piloto: – Não consigo, senhora. Muita fumaça preta. Não consigo identificar o que é
Controladora: – Ciente. Se o senhor tiver alguma informação e puder passar para a gente.
Outro piloto, então, avisa a torre que acabou de passar pelo local do acidente. Ele diz: “Está pegando fogo na avenida. E um ônibus está pegando fogo lá.” Ele destaca que o fogo atingia a traseira do coletivo.
A controladora pede aos pilotos de helicópteros que enviem informações: “Asas rotativas [helicópteros] que estão na escuta da torre: Caso tenham alguma informação, por gentileza passar para a torre.”
Helicóptero de reportagem reporta acidente à torre
Pouco depois do acidente, o piloto do helicóptero de uma emissora de televisão reportou à torre que a fumaça vista por outros pilotos se tratava, realmente, do acidente envolvendo o PS-FEM
“Aqui para a gente parece que chegou informação do bombeiro de que pode ser um avião, tá? Possivelmente um King Air. Estamos chegando ali e já trago mais [informações].
Em seguida, é feito outro reporte sobre o acidente, que, àquela altura, já havia sido confirmado: “Confirmado pela imagem da câmera aqui. Dá para ver a asa de uma aeronave de pequeno porte. Sem maiores informações ou identificações.”
Nesse momento, a controladora acionou outro piloto de helicóptero de imprensa, que responde: “Afirmo. Acabei de chegar ao local. Com a nossa câmera a gente consegue visualizar uma aeronave.”
A profissional pede aos pilotos um ponto de referência sobre o local exato do acidente. Um deles responde: “CT [Centro de Treinamento] do Palmeiras. Entre o CT do Palmeiras e o Jardim das Perdizes.”
“Que Deus conforte todo mundo ali e a família de todos. Que tragédia”, disse um piloto. “Uma cena triste de ver daqui de cima, viu. Complicado”, afirmou outro.
Queda após decolagem
De acordo com registro do site Flightradar24, o avião decolou às 7h17 (pelo horário de Brasília). A aeronave tinha como destino a cidade de Porto Alegre. Quando o avião estava sobrevoando a região da avenida Ordem e Progresso, na zona norte da capital paulista, iniciou uma curva acentuada à esquerda.
Em seguida, a aeronave atravessou a Marginal Tietê, entre as pontes Júlio de Mesquita Neto e do Limão, até se chocar contra o solo, na avenida Marquês de São Vicente, na Barra Funda. O local do acidente fica a cerca de um quilômetro do Allianz Parque e do Bourbon Shopping.
Dentro do avião estavam o piloto, Gustavo Carneiro Medeiros, e o advogado Márcio Carpena, de 49 anos. Os dois morreram carbonizados.
Após a queda, a aeronave também bateu contra a traseira de um ônibus. Dentro do coletivo estavam 30 passageiros, o motorista e o cobrador. Dois passageiros e o motorista precisaram de atendimento. No total, de acordo com o Corpo de Bombeiros, sete pessoas ficaram feridas em solo.
O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), vinculado à Força Aérea Brasileira (FAB), vai investigar o caso.