SP tem maior número de queimadas em agosto desde o início da série histórica

Estado registrou aumento de 989% de focos de queimadas em comparação ao mesmo período de 2023
por: Letícia Cassiano e por: Mariana Grasso da CNN*, em São Paulo

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Neste mês de agosto, o estado de São Paulo registrou o maior número de queimadas desde o início da série histórica em 1998. Em comparação com o mesmo período de 2023, o aumento de focos de incêndio subiu 989%, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

Na lista dos estados com mais focos de incêndios ambientais no mês, São Paulo aparece em 5º lugar, atrás do Mato Grosso do Sul, em 4º, Amazonas, em 3º, Pará, em 2º e Mato Grosso, em 1º, esse último registrando um aumento de quase 400% em comparação a agosto do ano passado.

O relatório do Programa Queimadas, do INPE, também informa que os biomas mais afetados são a Amazônia, com 54,8%, e o Cerrado, com 28%.

Segundo a publicação ‘A geografia da cana-de-açúcar’, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Cerrado do estado de São Paulo concentra um terço de toda a área de cultivo da cana no país. Não coincidentemente, as cidades paulistas que mais concentraram os focos de incêndio na última semana são cercadas por canaviais.

Confirmando a informação, uma análise do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), publicada nesta terça-feira (27), revela que "dos 2,6 mil focos de calor registrados no estado de São Paulo de 22 a 24 de agosto, mais de 80% se concentram em áreas de uso agropecuário como as ocupadas pela cana de açúcar e pela pastagem".

Já o estado que lidera a lista, Mato Grosso, tem praticamente toda a área coberta pela Amazônia Legal. Também é a unidade federativa com mais latifúndios e maior produção agropecuária, segundo dados do IBGE e do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).

Fumaça sobre o Brasil

Por causa do fogo no Centro-Sul, capitais como Brasília e Manaus ficaram cobertas pela fumaça das queimadas nesta terça-feira (27) e no último final de semana. A qualidade do ar baixíssima também criou uma paisagem com sol vermelho em São Luís do Maranhão.

Os médicos e as defesas civis alertam para doenças provenientes da fumaça. Entre os sintomas mais comuns relatados em dias de qualidade do ar ruim estão irritação nos olhos, nariz e garganta, tosse, falta de ar, e agravamento de doenças respiratórias crônicas, como asma e bronquite.

As autoridades de saúde também recomendam que, em casos de dificuldade respiratória severa, o ideal é buscar atendimento médico imediato.

Causas e consequências

Além de prejudicar a saúde humana e a economia, com perda de áreas cultiváveis e de produtos agrícolas, o aumento progressivo das queimadas mata centenas de animais e causa desequilíbrio em incontáveis ecossistemas.

De acordo com o fundo das Nações Unidas para a agricultura e alimentação, a queima e o corte de florestas corresponde a 25% das emissões de gases causadores do efeito estufa, fenômeno causador do aquecimento global no planeta.

No último sábado (24), o governador do estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas, sobrevoou os canaviais em chamas na região de Presidente Prudente, uma das mais afetadas. Na ocasião, o governador afirmou que as queimadas estão acontecendo pela combinação de altas temperaturas, baixa umidade relativa do ar e ventos fortes.

A intensidade com que esses eventos climáticos ocorreram nos últimos dias, no entanto, está diretamente ligada às mudanças climáticas. Assim o ciclo se reabastece com as queimadas favorecendo o aquecimento global e criando um cenário mais propício para a propagação do fogo.

Confira o ranking do 1º ao 27º colocado

Os dados consideram o período de 01/01/2024 até 25/08/2024:

MT 20725
PA 14532
AM 12037
MS 9576
TO 7308
MA 6558
SP 5280
RO 5068
MG 4857
RR 4663
BA 3212
GO 2539
PI 2294
AC 2050
PR 1649
SC 1170
RS 1106
RJ 686
CE 611
ES 310
PE 293
DF 157
AL 126
PB 125
RN 113
SE 71
AP 17

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