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    SP afasta profissionais responsabilizados por erros em material didático da rede estadual

    CNN teve acesso três trechos do conteúdo, que contêm erros nas disciplinas de história e biologia; veja abaixo

    Bruno LaforéGabriele KogaVinícius Bernardesda CNN

    A Secretaria Estadual da Educação de São Paulo afastou na quinta-feira (31) os servidores apontados como responsáveis pelo que a pasta chamou de “graves erros” contidos no material didático digital fornecido aos estudantes da rede estadual de ensino.

    A CNN teve acesso a três trechos do conteúdo didático, que expõem erros nas disciplinas de história e biologia.

    Em uma das passagens, o texto afirma: “A proibição do uso de biquínis foi adotada por Jânio Quadros em 1961, quando ele era prefeito de São Paulo. Ele emitiu um decreto vetando o uso de biquínis nas praias da cidade. A justificativa de Quadros era que o traje de banho seria uma afronta à moral e aos bons costumes. Esse impedimento também causou grande repercussão na época e gerou protestos de mulheres.”

    O uso de biquínis foi, de fato, proibido por Jânio Quadros, mas nas praias brasileiras, quando ele era presidente da República. A cidade de São Paulo não é litorânea.

    Trecho de um material didático da rede estadual de ensino de SP / Reprodução

    Ainda na disciplina de história, outra parte do material traz a seguinte informação errada: “Em 1888, Dom Pedro II assinou a Lei Áurea, que aboliu a escravidão no Brasil.” A Lei Áurea, na verdade, foi assinada pela Princesa Isabel na referida data. (Veja na foto de destaque).

    No material de biologia consta que doenças como Parkinson e Alzheimer podem ser transmitidas pela água, por meio da ingestão de metais pesados, como mercúrio, agrotóxicos, remédios e produtos químicos em geral.

    No caso do Alzheimer, uma possível causa para a doença ainda não foi identificada e a hereditariedade é considerada um fator de risco.

    O mesmo fator é relacionado ao mal de Parkinson. Neste segundo caso, há pesquisas que indicam que a exposição a toxinas, como agrotóxicos, podem ter causado o desenvolvimento da doença em algumas comunidades.

    Trecho de um material didático da rede estadual de ensino de SP / Reprodução

    Repercussão

    O Coletivo Educação em Primeiro Lugar, que é comporto por deputados estaduais da oposição em São Paulo, divulgou o caso e afirmou ter acionado a Defensoria Pública, o Ministério Público e o Tribunal de Contas do Estado para apurar a situação. A CNN procurou os órgãos mencionados para apurar o andamento do caso e aguarda retorno.

    Além do afastamento dos envolvidos, por meio de nota, a secretaria também diz que o conteúdo é editável e os erros apontados já foram corrigidos. “A coordenadoria pedagógica da instituição vai reforçar a equipe de revisão para que haja aprimoramentos constantes nos recursos didáticos, sempre em total harmonia com o Currículo Paulista”, acrescentou a pasta.

    Polêmica recente

    No mês passado, a Secretaria Estadual da Educação divulgou a decisão de não receber mais livros didáticos físicos do Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD).

    Na ocasião, a pasta da educação informou que usaria conteúdo 100% digital para alunos a partir do 6° ano do ensino fundamental, e disse que o estado possui material didático próprio e que isso manteria a coerência pedagógica.

    Logo depois do anúncio, o Grupo de Atuação Especial de Educação (Geduc) do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) instaurou um procedimento para apurar a decisão após solicitação realizada pelo deputado estadual Carlos Giannazi (PSOL). Para o parlamentar, “os textos presentes nos livros didáticos são os únicos a que muitos alunos têm acesso. Privá-los de receber materiais rigorosamente avaliados e oferecer material apenas digital é uma verdadeira tragédia”.

    Após a repercussão do caso, o governo de São Paulo decidiu recuar da decisão de oferecer apenas livros digitais para alunos das escolas estaduais. O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) disse, em agenda pública no interior do estado, que irá disponibilizar o material didático de forma impressa e digital, ficando a critério do aluno escolher.

    Veja também: Deputadas debatem retorno de aulas de educação sexual nas escolas