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    ‘Segurança alimentar preocupa na pandemia’, diz secretária da área social de SP

    Em entrevista à CNN, Célia Parnes afirma que tem um plano elaborado para o período pós-coronavírus para o estado de São Paulo

    Paula Mariane, , da CNN, em São Paulo

    Nesta quinta-feira (11), o estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Social, esteve presente em uma reunião com os principais líderes sociais de grandes cidades na América Latina. O encontro teve como objetivo debater as principais ações de enfrentamento à Covid-19 que estão sendo tomadas pelos estados e municípios. 

    Em entrevista à CNN, a secretária de Desenvolvimento Social, Célia Parnes, afirma que a reunião “foi uma troca interessante a respeito das particularidades de cada região”. São Paulo foi o único estado brasileiro a ser convidado.

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    A convite da Ministra de Desenvolvimento Humano e Habitação, María Migliore, da cidade de Buenos Aires, a videoconferência contou com a presença da secretária Célia Parnes, da secretária de Inclusão Social de Medellín (Colômbia), Mónica Alejandra Gómez, e da secretária de Inclusão e Bem-Estar Social da Cidade do México, Almudena Ocejo. 

    Parnes destacou que a grande preocupação dos países da América Latina tem sido voltada para a questão da segurança alimentar. “Todos têm programas robustos de segurança alimentar, que são chamados de ‘comedores’, mas nenhum tem o tamanho do Bom Prato”. 

    Pela primeira vez na história, a rede Bom Prato, que costuma vender refeições entre R$ 0,50 e R$ 1, passou a oferecer café, almoço e janta gratuitos para pessoas em situação de rua durante a pandemia do novo coronavírus. 

    “Nós aumentamos em 60% as refeições do Bom Prato para atender essas pessoas, aumentando o número de refeições para 3.200.000”, disse Célia.

    De acordo com o Relatório Global de Crises Alimentares, publicado pelo Programa Mundial de Alimentação (PMA), da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o número de pessoas que enfrentam insegurança alimentar pode duplicar em decorrência da pandemia.

    Desta forma, o número de pessoas vulneráveis ao redor do mundo passaria de 135 milhões em 2019 para 265 milhões ao final deste ano.

    Segundo a secretária, ações para o período pós-pandemia também foram discutidas no encontro de líderes. 

    Plano Pós-Covid

    Célia Parnes
    Secretária de Desenvolvimento Social, Célia Parnes, em São Paulo
    Foto: Governo do Estado de São Paulo

    Segundo Célia Parnes, os países que participaram da reunião demonstraram uma maior preocupação com os temas de segurança alimentar, proteção aos idosos em instituições de longa permanência e pessoas em situação de rua. “A convergência é maior com esses três públicos”, declarou. 

    Neste contexto, Célia afirmou que o estado de São Paulo tem desenvolvido planos para as áreas sociais no período pós-pandemia.

    “Nós temos um plano pós-Covid. Todas as secretarias já estão desenhando um plano. Tem algumas variações do que elas [as secretarias] conversam com o que o estado de São Paulo propõe. Elas estão pensando em questões de infraestrutura, de habitação, de saneamento e de desenvolvimento profissional”. 

    “Aqui no estado [de São Paulo], estas são pastas separadas, mas que têm trabalhado juntas”. De acordo com a secretaria, questões sobre requalificação, capacitação profissional e crédito para pequenas e médias empresas têm sido contempladas no plano pós-Covid. 

    A secretária afirmou que o governo estadual tem avaliado constantemente a situação dos grupos vulneráveis. Nesta situação, Parnes disse que os programas de assistência social permanecerão na medida em que eles continuam sendo necessários.

    “[Os programas] têm sido prorrogados enquanto a pandemia mantém as pessoas em isolamento, e portanto, com dificuldade de ampliar a sua renda”. 

    Em tempos de isolamento social, Célia Parnes reconhece que há uma maior dificuldade, sobretudo, para manter a renda. “O isolamento, ao mesmo tempo em que protege as pessoas, também impede as pessoas de buscarem renda e trabalho, de colocarem as crianças na escola”.

    “Então tem mais pessoas em casa, e pessoas de baixa renda com mais dificuldades ainda, porque há mais pessoas se alimentando e precisando de mais apoio”, analisa. 

    Bom Prato

    Bom Prato, São Paulo
    Medidas de isolamento e de higiene foram adotadas para atender as pessoas 
    Foto: Governo do Estado de São Paulo – 02.jun.2020

    Na pandemia, os 59 restaurantes da rede Bom Prato têm visado a garantia da segurança alimentar, desta vez de forma gratuita, para as pessoas em situação de rua. Para ter acesso às refeições, é necessário que o indivíduo tenha cadastro nos centros municipais e apresente um cartão com QR Code. 

    Além da entrega do cartão, cabe às prefeituras identificar, localizar e quantificar os beneficiários. O sistema do cartão QR Code foi desenvolvido em parceria com a Prodesp, empresa de tecnologia do estado, permitindo que a secretaria administre a distribuição das refeições ao longo do período.  

    “A gratuidade de uma alimentação de qualidade e balanceada – como a que servimos no Bom Prato, nos permite garantir a segurança alimentar desta população, além de assegurar a melhoria em suas defesas frente a esta pandemia”, afirma a secretaria.

    Desde o início de abril, os restaurantes da rede passaram por rápidas adaptações com o intuito de servir as refeições para viagem, em embalagens e com talheres descartáveis.

    Com o objetivo de evitar aglomerações, o horário de atendimento da rede também foi ampliado. Os cafés da manhã são servidos das 7h às 9h, enquanto os almoços são servidos das 10h às 15h. O horário do jantar foi ajustado das 17h30 às 19h, ou enquanto houver refeições disponíveis. 

    Cesta de alimentos

    Em uma ação articulada com a iniciativa privada, o governo estadual tem distribuído, ao longo da pandemia, um milhão de cestas de alimentos para as pessoas em situação de vulnerabilidade. Com um investimento total de R$ 110 milhões, o programa teve início no mês de abril, com previsão de finalização das entregas no mês de junho. 

    De acordo com a Secretaria de Desenvolvimento Social, uma cesta é capaz de atender uma família de quatro pessoas por um mês. Para receber o produto, é necessário ter cadastro no CadÚnico, cadastro federal para inclusão em programas de assistência social. 

    “Por todo o estado, temos 4 milhões de pessoas que vivem na extrema pobreza, isto é, com renda de até R$ 89,00 per capita mensal”, afirma Parnes.

    Elaborada em parceria com a nutricionista chefe do Hospital Albert Einstein, Luci Uzelin, a cesta de alimentos contém 7 fontes de proteínas diferentes, como feijão, lentilha, leite em pó, sardinha, charque, linguiça e ervilha, entre outros produtos. 

    Medidas para o inverno

    Inverno Solidário
    Cobertores arrecadados pela campanha Inverno Solidário são entregues na Casa de Acolhida Missão Belém
    Foto: Governo do Estado de São Paulo

    Enfrentar o inverno é uma questão de sobrevivência para as pessoas em situação de vulnerabilidade, especialmente para aqueles que não possuem uma casa. Sobre isso, Célia Parnes disse a secretaria tem atuado na construção de novos abrigos de acolhimento em cidades onde há maior taxa de população em situação de rua. 

    No dia 1º de junho, o governo de São Paulo anunciou a implantação de 50 novos alojamentos para atender estas pessoas. Segundo a Secretaria de Desenvolvimento Social, R$ 500 mil serão repassados e mil móveis serão doados para os abrigos para as 50 cidades paulistas, na qual estão localizados os centros de acolhimento.

    “São centros de acolhida em pessoas de situação de rua, com camas, colchões, roupa de cama e de banho, máquinas de lavar, micro-ondas”, disse. “Há toda uma estrutura de montagem que o estado oferece aos municípios para que eles criem mais abrigos, especialmente pensando no frio”.

    Segundo a secretária, também há uma atenção voltada para a abordagem nos abrigos. “Com o desafio do coronavírus, além de abrigar pessoas, é preciso saber abrigar”. Por isso, municípios têm recebido uma série de instruções para receber os indivíduos, afirmou Parnes. 

    Em relação à permanência de animais de estimação nos abrigos, Célia Parnes afirmou que essa é uma decisão que cabe às prefeituras. 

    “Cada município pode permitir ou não a presença de animais, é muito comum que pessoas de situação de rua tenham um animal. Não existe esse impedimento por parte do estado”.

    Arrecadação de cobertores

    Neste ano, a campanha Inverno Solidário – que arrecada cobertores para atender a população de rua – tem recebido somente itens novos, com o objetivo de conter a disseminação da doença. 

    “Em razão da pandemia do coronavírus, serão arrecadados este ano apenas cobertores novos para evitar o risco de transmissão da doença na manipulação de peças usadas”, disse o governador de São Paulo, João Doria, no lançamento do programa, ocorrido em 1º de junho. 

    A ação, que teve início em 2 de junho, acontece até o dia 22 de setembro. As doações recebidas serão destinadas para pessoas em situação de rua e entidades sociais, como hospitais e centros de acolhida em todos os 645 municípios do estado de São Paulo.

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