Secretário de Saúde de SP afirma que a Covid-19 ‘não desvia de escolas privadas’
Edson Aparecido defendeu decisão da Prefeitura de continuar com as escolas fechadas
O Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo (SIEEESP) pretende entrar com uma ação judicial para retomar as atividades presenciais na capital paulista em 8 de setembro. A decisão foi tomada após o prefeito Bruno Covas (PSDB) anunciar que a cidade não permitirá a reabertura na data mesmo após receber aval do governo estadual.
Em entrevista à CNN, na manhã desta quarta-feira (19), Edson Aparecido, secretário municipal de Saúde de São Paulo, afirmou que tal decisão é incorreta e que “o vírus não desvia da escola privada”. Aparecido também comentou os indicadores da última testagem sorológica feita em alunos.
“Nós não podemos fazer a separação entre escola particular e pública porque o vírus não ‘desvia’ da escola privada. Ele entra também e as crianças podem se contaminar. E também, sobre o ponto de vista pedagógico, não seria correto deixar o sistema privado funcionando e o sistema público paralisado. A medida tem que ser única tanto no ponto de vista da saúde, quanto no ponto de vista pedagógico”, pontuou.
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Um mapeamento na cidade de São Paulo mostrou que quase dois terços dos estudantes testados para a Covid-19 são assintomáticos. Portanto, voltar às aulas, neste momento, pode colocar em risco muitos pais e crianças com comorbidades desconhecidas. O prefeito Bruno Covas (PSDB) anunciou que
o retorno das aulas, previsto para setembro não deve acontecer.
“O inquérito sorológico foi muito importante para apontar que nós temos hoje mais de 16% das crianças da rede de ensino da cidade que tiveram contato com o vírus. E 64% delas foram completamente assintomáticas. Além disso, este resultado mostra o acerto, por parte da gestão, de ter parado as aulas logo no início da pandemia”, afirmou o secretário.
De acordo com ele, a cidade de São Paulo vive uma tendência de queda nos casos de Covid-19. No entanto, não descarta a possibilidade de voltar atrás com a decisão.
“Os números mostram já quase oito semanas uma tendência um cenário de queda no número de casos. Mesmo momento da testagem a parte de ocupação dos leitos de UTI na cidade hoje é de 46%. (…) Agora precisa ter toda atenção por conta de qualquer movimentação É evidente que nós temos que dar um passo atrás [caso o número aumente] e é fundamental cuidar da segurança da saúde”, disse.
Questionado quanto ao perfil das crianças testadas e das pessoas que fazem parte do ciclo de convivência delas, o secretário reafirmou que está sendo feito o monitoramento adequado.
“Nós temos o perfil destes alunos testados. O inquérito também apontou que 26% destas crianças moram em residências que têm pessoas com mais de 60 anos. Portanto, a circulação das crianças da escola e depois retornando para casa, coloca em risco este grupo e nós monitoramos isto. (…) Infelizmente, a perda pedagógica para os alunos devido à pandemia é brutal. Mas, infelizmente, a criança possui um alto grau de transmissibilidade da doença. Por isso é preciso ter todo este cuidado”, finaliza.
(Edição: André Rigue)