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    Seca no Pantanal: câmeras flagram animais em busca de água

    Maior planície alagável do mundo está secando e enfrenta queimadas mais intensas

    Guilherme Gamada CNN , São Paulo

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    Áreas do Pantanal enfrentam a perda da vegetação e da água na superfície. Câmeras do Grupo de Resposta a Animais em Desastres (GRAD) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) registraram mais de dezenas de animais em busca de água em uma poça de lama na região norte do Pantanal, em Poconé, no Mato Grosso.

    Na região norte do bioma, mais de 70% dos pontos às margens da Estrada Parque Transpantaneira que ainda deveriam ter água já não têm mais, de acordo com Anderson, médico veterinário do GRAD. “Nós já conseguimos identificar inúmeros locais que têm a necessidade real do fornecimento de água para os animais. E isso é uma realidade que chama muita atenção em virtude de que a gente tá falando da maior planície alagável contínua do mundo”, afirma.

    Segundo um levantamento do Mapbiomas, desde a década de 1990 o Pantanal apresenta uma tendência de queda na superfície de água. O bioma é o que mais secou nos últimos 40 anos. Apenas neste ano, o bioma já perdeu 61% da sua superfície de água.

    Em menos de 24 horas, as câmeras de monitoramento flagraram diversas espécies de aves e mamíferos como cervos, búfalos, jaguatiricas, antas e tamanduás. A diversidade de espécies reunidas entorno da mesma poça de lama em um curto período indica a busca pela água, segundo os pesquisadores.

    Fome Cinzenta

    No Pantanal, de 1º de janeiro a 23 de junho, foram detectados 3.262 focos de queimadas, um aumento de mais de 22 vezes em relação ao mesmo período no ano anterior. Esse é o maior número da série histórica, de 1988, pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

    A paisagem verde do bioma tem dado lugar para os solos cinzas das chamas – essa é a cor da fome no Pantanal.

    A maior parte das mortes de animais no bioma são de répteis e anfíbios, que não conseguem se locomover mais rápido que as chamas. Mas as espécies que fogem do fogo entram na “Fome Cinzenta”, cenário em que a perda da vegetação leva à falta de alimento e água para a fauna.

    O GRAD informou que está, junto ao Governo Federal, aguardando a liberação do estado do Mato Grosso pra iniciar o fornecimento de água, uma vez que as margens da Transpantaneira é uma unidade de conservação estadual. A CNN questionou o governo e aguarda retorno.

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