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    Saiba quem é o bicheiro Bernardo Bello, procurado pela polícia do Rio de Janeiro

    Um dos atuais chefes do jogo do bicho no Rio de Janeiro, Bello entrou para o negócio depois de se casar com a filha de um dos mais importantes contraventores do estado

    Isabelle Salemeda CNN

    Em São Paulo

    Alvo de operação do Ministério Público (MP) e da Polícia Civil do Rio de Janeiro por lavagem de dinheiro e organização criminosa nesta quinta-feira (7), Bernardo Bello é tido como um dos atuais chefes do jogo do bicho do Rio de Janeiro. Segundo o MP, há cinco mandados de prisão em aberto contra ele por diversos crimes.

    Há décadas, a contravenção é forte no estado do Rio. Desde a década de 1970 foi criada uma espécie de divisão de territórios para apaziguar os conflitos entre os bicheiros da chamada “velha cúpula”. No entanto, as novas gerações passaram a disputar novamente os pontos do jogo e principalmente o controle das máquinas caça-níqueis.

    Bello é um dos nomes principais dessa nova cúpula do bicho, ao lado de Rogério de Andrade, sobrinho de Castor de Andrade, com quem vive uma guerra declarada; Adilson Coutinho Oliveira Filho, o Adilsinho, herdeiro de uma família de bicheiros da Baixada Fluminense; e Vinicius Drumond, filho de Luizinho Drumond, morto em 2020, que controlava pontos de jogo na zona da Leopoldina.

    Bernardo Bello acabou assumindo o controle do negócio da família Garcia após a morte do ex-sogro, o bicheiro Waldermir Paes Garcia, em 2004. Maninho, como era conhecido o presidente do Conselho Fiscal da escola de samba Acadêmicos do Salgueiro, foi assassinado a tiros quando deixava uma academia de ginástica na Freguesia, em Jacarepaguá, na zona oeste da capital fluminense. O contraventor tinha 42 anos.

    Com o vácuo na administração dos negócios da família deixado pela morte de Maninho, ficou uma dúvida sobre quem assumiria o poder. Havia algumas possibilidades, como o irmão do bicheiro, Alcebíades Paes Garcia, o Bid, ou um dos três filhos –as gêmeas Shanna e Tamara e Mirinho.

    Entre os filhos, Shanna se dispôs a tentar administrar o jogo, junto do então marido, José Luiz de Barros Lopes, o Zé Personal. Eles eram responsáveis pelo controle de máquinas de caça-níqueis na zona sul e outras regiões do Rio. Em 2011, no entanto, Zé Personal foi morto em uma emboscada.

    Além do casal, Bid e Bernardo Bello –ex-marido da outra filha de Maninho, Tamara Garcia– também tinham interesse em ocupar o posto de líder do clã Garcia.

    Apesar de não ser o sucessor direto, Bello, acabou levando a melhor na disputa e conquistou poder sobre os pontos de bicho e exploração de máquinas caça-níqueis na zona sul e em parte da zona norte do Rio, numa história que envolve muitas mortes e diversas acusações.

    Em 2017, o filho de Maninho, Waldomiro Paes Garcia Júnior, Mirinho, foi assassinado, aos 27 anos, após ser mantido refém por sequestradores, ao sair de uma academia de ginástica. Uma história semelhante a do pai.

    Ex-cunhada de Bernardo, a empresária Shanna Garcia, acusa Bello de ser o mandante de um atentado sofrido por ela em 2019, quando foi atingida por dois tiros em frente a um centro comercial também na Barra da Tijuca.

    Já Bid, irmão de Maninho que tinha ameaçado assumir os negócios da família Garcia, foi executado dia 25 de fevereiro de 2020 quando voltava do desfile das escolas de samba na Marquês de Sapucaí.

    Acusado de ser o autor intelectual do assassinato de Bid, em 2022, Bello, que constava na lista da Difusão Vermelha, foi preso pela Interpol na Colômbia. Ele ficou detido lá por quatro meses mas conseguiu um habeas corpus para responder pelos crimes no Brasil, em liberdade. Ele se tornou réu nesse caso em fevereiro de 2022.

    Na época, já havia indícios de ligação do contraventor com integrantes do “Escritório do Crime”, grupo de assassinos profissionais que ficou mais conhecido após a morte da vereadora Marielle Franco e do motorista dela, Anderson Gomes, em 2018.

    O motivo para tantas disputas, segundo as investigações da Polícia Civil, é o espólio de R$ 25 milhões deixado por Maninho.

    Assim como os demais bicheiros do Rio, Bello também tem uma forte ligação com as escolas de samba. Tanto, que é ex-presidente da Unidos de Vila Isabel.

    Em março do ano passado, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MP-RJ, deflagrou outra operação para prender Bernardo Bello. Nove mandados de busca e apreensão foram expedidos em em endereços ligados a ele e a integrantes da quadrilha, que, segundo o Ministério Público, é “voltada para a prática de crimes de lavagem de dinheiro, oriundo, sobretudo, da contravenção do jogo do bicho e da exploração de máquinas caça-níquel”. As investigações começaram em 2020.