RS se embasou na ciência para retomada parcial do comércio, diz governador
Eduardo Leite afirmou à CNN que foi orientado por seu comitê científico e que exigiu que prefeitos que autorizarem reabertura estipulem medidas de segurança
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), afirmou nesta sexta-feira (17) à CNN que a sua decisão de permitir a reabertura do comércio em parte das cidades gaúchas se baseou em critérios científicos. Ele comparou a medida com a administração médica de um remédio com efeitos colaterais. No caso do isolamento social, “o desemprego e a perda de renda por parte da população”.
“Vamos fazer um distanciamento controlado. Não é sobre retornar o comércio ao normal ainda, como nós o conhecíamos, porque ainda estamos vivendo a disseminação no estado”, disse.
Questionado se não temia repetir o caso de regiões como Milão, na Itália, que adotou medidas posteriores de isolamento após defender a circulação normal e ter alta incidência de casos, o governador gaúcho negou. Leite argumenta que, ao contrário da cidade italiana, adotou o isolamento mais rígido e agora está flexibilizando após aumentar a capacidade de antedimento aos casos de COVID-19. “O distanciamento ampliado nos deu tempo para estruturar o nosso sistema de saúde”.
Em decreto assinado na quinta-feira (16), o governador do Rio Grande do Sul acrescentou um trecho à sua determinação assinada no início do mês, que obrigava o fechamento do comércio. Agora, o comércio segue fechado, a menos que haja “ato fundamentado das autoridades municipais competentes”, ou seja, que os prefeitos decidam permitir a reabertura.
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A medida não vale para as regiões metropolitanas de Porto Alegre e a Serra Gaúcha, que concentram maior incidência de casos. O decreto diz que os prefeitos devem se basear “em evidências científicas e em análises sobre as informações estratégicas em saúde”, mas não dá detalhes das métricas.
À CNN, Leite justificou que está seguindo o princípio adotado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ao impedir o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de rever as medidas de isolamento adotadas por governadores. “O governador também precisa considerar a autonomia dos prefeitos”, justificou.
O caso de Bagé
A reportagem da CNN verificou aglomerações no primeiro dia de funcionamento do comércio na cidade de Bagé. O governador Eduardo Leite disse que o caso será analisado e argumentou que o seu decreto estabelece que prefeitos também adotem critérios de limitação aos atendimentos e fiscalização de aglomerações. Ele também se disse “surpreso” com a decisão do prefeito Divaldo Lara (PTB), uma vez que não considera que a quantidade de casos registrada na cidade justificaria a reabertura.
Segundo o Ministério da Saúde, o Rio Grande do Sul tem 802 casos e 22 mortes relacionadas ao novo coronavírus.