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    RJ: Relatório policial aponta que 25 suspeitos mortos tinham anotações criminais

    Dossiê da corporação revela áudios do momento da operação no Jacarezinho, que também resultou na morte de um policial

    Pedro Duran, da CNN, no Rio de Janeiro

    Um relatório da Polícia Civil do Rio de Janeiro aponta que 25 dos 27 suspeitos mortos na operação na favela do Jacarezinho na quinta-feira (6) tinham ficha criminal ou mandados de prisão em aberto. Os dois restantes também são apontados como integrantes da facção que comanda o local.

    Essas informações fazem parte de um relatório interno da corporação ao qual a CNN teve acesso. No documento, estão traçados os perfis dos 28 mortos na operação – além dos suspeitos, um policial também morreu no confronto.

    O documento de 70 páginas será enviado, com áudios do momento da operação na comunidade da zona norte do Rio de Janeiro, para o Ministério Público, que vai investigar a conduta dos agentes na ação.

    Nos diálogos, policiais relatam “confronto pesado” e agentes da corporação baleados. O relatório trata da favela do Jacarezinho como uma comunidade fortemente controlada pelo tráfico de drogas, sendo um dos quartéis-generais de uma facção criminosa.

    Irmão, me dá um retorno aí, aqui tá ruim o tempo todo tá, vou te mandar minha localização. Aqui tá confronto pesado aqui, eu não sei se vocês vão voltar, como que está

    diz Fabrício Oliveira, coordenador da CORE

    Segundo a Polícia Civil, o local abrigaria um gigantesco arsenal de guerrilha, que seria utilizado na retomada de favelas ocupadas por grupos rivais e para enfrentar o estado. Há relatos de que enfrentar os policiais seria uma “forma de ascensão na hierarquia criminal”.

    A Polícia também afirma que a proximidade com a Avenida Brasil e a Linha Amarela, rotas preferenciais do transporte de drogas, torna o local valioso para os traficantes.

    O documento aponta que no local vivem 90 mil pessoas, citando o levantamento de 2017, o último divulgado pela Prefeitura do Rio. O dossiê menciona também a presença de dezenas de barricadas e táticas de guerrilha realizadas pelo tráfico da região.

    Atenção, eu 'tô' com dois policiais baleados. Dois policiais baleados, um gravemente. 'Adequante' 'tá' saindo nesse momento, dois policiais baleados gravemente.

    Como resultados da operação, os policiais citam apreensões de armas de longo e curto alcance e materiais explosivos de alta destruição. O dossiê relata que, na operação, os agentes da delegacia de combate às drogas entraram na comunidade para estabelecer posição estratégica e dar suporte a outros agentes para o cumprimento dos 21 mandados de prisão.

    Segundo os agentes que participaram da ação, um grupo nos telhados da comunidade atirava para tentar impedir os policiais de entrarem na favela. Ainda de acordo com a polícia, dezenas de barricadas também foram colocadas nos acessos. Desta forma, o inspetor de polícia André Leonardo de Mello Frias foi atingido na cabeça – o agente havia descido do blindado para retirar uma dessas barreiras.

    Atenção, eu preciso do helicóptero, preciso do helicóptero na praça 15, perto do lixão. A gente está sendo alvejado aqui na praça 15 perto do lixão, tô com um policial baleado. Dois policiais baleados!

    Investigação

    Nesta segunda-feira (10), a Defensoria Pública, o Ministério Público e a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) começaram os atendimentos de familiares das vítimas da operação. Os parentes de dez dos mortos já foram ouvidos pelos representantes das instituições.

    As famílias dos mortos admitem que alguns de seus parentes tinham, de fato, envolvimento com o tráfico, mas alegam que alguns tentaram se entregar e foram executados. A queixa despertou a preocupação da Anistia Internacional e de organizações de direitos humanos.

    Os promotores também requisitaram todo o planejamento feito pela Polícia Civil para a operação. O MP quer entender se foi pensada uma estratégia para evitar o confronto direto, e para isso pretende conduzir uma investigação independente para apurar se houve ou não excessos por parte dos policiais. A ação da última quinta-feira já é considerada a mais letal operação policial no estado.

    A OAB-RJ e a Defensoria Pública também acompanham a investigação. O laudo do Instituto Médico-Legal (IML) sobre os ferimentos ainda não foi divulgado.

    Operação da Polícia Civil no Jacarezinho resultou em 25 mortes
    Operação da Polícia Civil no Jacarezinho resultou em mortes (06.mai.2021)
    Foto: Reprodução / CNN