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    RJ: mancha de poluição está a 4km da praia da Barra da Tijuca

    Uma mancha verde com cianobactérias, que se reproduzem na água contaminada pelo esgoto, está em uma lagoa a apenas quatro quilômetros da orla

    Mylena Guedes*, , da CNN, no Rio de Janeiro

    O avanço da poluição está levando risco a uma das praias mais tradicionais do Rio de Janeiro: a da Barra da Tijuca, na zona oeste. Uma mancha verde com cianobactérias, que se reproduzem na água contaminada pelo esgoto, está em uma lagoa a apenas quatro quilômetros da orla. 

    O biólogo Mário Moscatelli, que sobrevoou a região, afirma que o problema é grave e de saúde pública. Segundo ele, os banhistas correm grande perigo de contaminação no contato com as águas, seja pelo mergulho, ingestão ou absorção através da narina. As cianotoxinas são prejudiciais e podem causar dermatite, reações alérgicas na pele, doenças respiratórias, problemas gastrointestinais e, em situações mais graves, hepatite e câncer de fígado. 

    O Grupo de Trabalho em Meio Ambiente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) enviou uma carta às autoridades municipais e estaduais do Rio de Janeiro, solicitando providências. O documento, remetido na última sexta-feira (04), aponta que o complexo recebe, há décadas, resíduos doméstico e industrial com alta carga de matéria orgânica, o que ocasiona o aumento de algas produtoras de toxinas. O texto cita um estudo da Fiocruz, em colaboração com Mário Moscatelli, que mostra a gravidade e expõe que frequentadores da praia dos Amores, praia do Pepê e ilhas próximas podem ser contaminados. 

    A mancha verde na Lagoa da Tijuca pode se estender por vários quilômetros na praia da Barra da Tijuca, por meio do Canal da Joatinga. “Importante lembrar que, além do contato primário com exposição da pele, as mucosas e vias respiratórias também ficam expostas. O spray ocasionado pelo batimento de ondas pode ser inalado durante a prática de esportes náuticos como jet-ski, surfe e stand up paddle,  o que aumenta em muito a absorção das toxinas”, destacou Moscatelli. 

    Períodos de maré baixa, com lua cheia e lua nova, são os mais perigosos, propícios para o escoamento das bactérias na praia da Barra e nas Ilhas Tijucas, frequentadas por moradores e turistas. A extensão da mancha verde abacate, que inicialmente ficava restrita ao quebra-mar e à Praia do Pepê, varia de acordo com as condições das correntes e do vento. 

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    A propagação da mancha também se deve pela enorme quantidade de cianobactérias produzidas no sistema lagunar da Baixada de Jacarepaguá, onde é despejado esgoto. Outros fatores são as altas temperaturas e intensa luminosidade, que promovem as condições ideais de insalubridade para a proliferação dessas bactérias. Ou seja, no verão a situação é ainda pior. 

    Em outubro deste ano, um documento enviado por Moscatelli aos secretários de Meio Ambiente do Estado e do Município indicou medidas de urgência a serem tomadas, como a instalação de placas que informem o perigo de contaminação por esgoto e cianobactérias tóxicas. Contudo, apesar da situação emergencial, nenhuma das medidas, segundo o biológo, foi implementada até o momento.

    Procurada pela CNN, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente informou que a responsabilidade sobre as lagoas da Barra e Jacarepaguá é do estado. Também questionado sobre a situação, o Instituto Estadual do Ambiente (INEA), órgão ligado à Secretaria de Estado do Ambiente e Sustentabilidade, afirma que atua para diminuir os impactos da poluição, com cinco ecobarreiras instaladas, fiscalização do descarte irregular de resíduos e monitoramento da qualidade da água das praias da zona oeste e sul da capital. O Inea divulgou, ainda, que ações de saneamento básico são atribuições do município e das concessionárias de água e esgoto.

    *Sob supervisão de Pauline Almeida

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