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    Risco de deslizamentos no Sudeste passou de muito alto para moderado, diz Cemaden

    Entretanto, especialistas alertam que o solo ainda molhado pode causar novos desabamentos; segundo o Cemaden, cerca de 925 mil pessoas vivem em áreas de risco no Rio de Janeiro

    Nathalie Hanna AlpacaBeatriz Puenteda CNN , no Rio de Janeiro

    De acordo com dados do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, o risco geológico da região Sudeste passou de “muito alto” para “moderado” nesta quarta-feira (6).

    Segundo o órgão, há possibilidade de ocorrência de deslizamentos de terra no Litoral Sul Fluminense e Litoral Norte Paulista, com destaque para os municípios de Angra dos Reis, Paraty e Ubatuba, em decorrência dos elevados acumulados nos últimos dias.

    O Cemaden afirma que as chuvas foram superiores a 800 milímetros em Angra dos Reis durante cinco dias e superiores a 600 milímetros em Paraty.

    As chuvas registradas desde a última quinta-feira (31) já somam mais de 19 mortes em todo o estado do Rio de Janeiro. Dessas, 17 são nos municípios da Costa Verde, Angra dos Reis, com dez vítimas, e Paraty com seis óbitos. As cidades de Mesquita, na Baixada Fluminense, e Cachoeira de Macacu, na região Metropolitana, registraram um óbito cada.

    Quatro pessoas seguem desaparecidas, também na Costa Verde. São três na região de Ilha Grande, em Angra, e uma em Paraty.

    A nota do Cemaden explica que há possibilidade de chuva fraca ao longo do dia. O órgão alerta que, mesmo com a mudança do status da área de risco, esta situação ainda pode favorecer a ocorrência de deslizamentos pontuais, inclusive na ausência de chuva.

    Para o engenheiro especialista em riscos de segurança Gerardo Portela, há diversos fatores que podem fazer com que tenha acidentes em locais de risco. Segundo ele, o solo, prejudicado com a quantidade de água absorvida, é um elemento que pode preocupar moradores das regiões afetadas.

    “É possível que tenha mais deslizamentos. Quando há um risco moderado, você consegue conviver com aquele risco, mas em conjunto de ações e recursos. Além disso, as chuvas geram uma saturação no terreno. Isso significa que há um limite para a terra conseguir manter essa água. Quando esse limite é ultrapassado, ele não consegue se manter sólido, e faz a transição para o pastoso. Esses são os cenários que temos. A chance de o terreno ficar saturado é grande, já que ficou bastante destruído com a erosão”, alerta o engenheiro.

    Uma projeção realizada pelo Cemaden indica que cerca de 925 mil pessoas vivem em áreas de risco de deslizamentos de terra, nos 15 municípios do Rio de Janeiro analisados. Deste total, cerca de 796 mil estão em oito municípios na Região Metropolitana e, na capital do estado, este número chega a mais de 475 mil.

    O levantamento foi realizado com base no último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), feito em 2010. Os pesquisadores utilizaram como base a estimativa da expectativa do crescimento populacional.

    A diretora substituta do Cemaden, Regina Alvalá, lembra que o mundo está sob efeito das mudanças climáticas e o país está sofrendo as consequências desse fenômeno. Ela relata que, desde o final do ano passado, o Brasil apresenta acumulados de chuvas muito altos, o que prejudica a população.

    “As chuvas que ocorreram neste período foram anormais. Choveu três vezes mais que a média esperada para o mês em Angra dos Reis. O que pontuamos é que essas chuvas estão presentes no Brasil praticamente desde novembro e vimos que são acumulados de chuvas muito altos, superiores ao que chamamos de acumulados da média climatológica”, diz Regina.

    Segundo a especialista, os índices são sinais de alerta de que o planeta está mais quente, o que provoca com mais frequência extremos de chuvas mais intensas. “Choveu também acima da média no sul da Bahia no final de 2021, em Petrópolis em fevereiro de 2022”, completa.

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