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    Reunião do governador e prefeitos sobre restrições no Rio termina sem definição

    Uma das propostas em discussão é decretar um feriado prolongado de 10 dias

    Pauline Almeida, Thayana Araujo e Paula Martini, da CNN, no Rio de Janeiro

     

    A reunião entre o governador em exercício do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, e os prefeitos da capital, Eduardo Paes, e de Niterói, Axel Grael, terminou sem definição sobre as novas medidas restritivas que devem ser adotadas no estado, segundo fontes de ambas as administrações consultadas pela CNN. A principal proposta é a criação de um feriado prolongado entre a próxima sexta-feira (26) e o domingo de Páscoa (4).

    A CNN apurou que um dos principais pontos de divergência foi o fechamento de setores não essenciais da economia fluminense. O governador e os prefeitos se reuniram no Palácio Laranjeiras, na Zona Sul, por cerca de uma hora. Fontes que participaram do encontro relataram que o clima foi tenso. A reunião acabou por volta de 11h10 e, depois, Paes e Grael foram para o gabinete do prefeito do Rio, na Cidade Nova, onde discutiram com o secretariado quais atividades poderão ser fechadas e por quanto tempo.

    Já Castro seguiu no Palácio Laranjeiras reunido com técnicos da secretaria estadual de Saúde até as 12h30. Foi o terceiro dia de reuniões no Palácio Laranjeiras para tentar chegar a um consenso sobre as medidas de restrição mais duras para a região metropolitana do Rio.

    Na sexta-feira, Castro já havia se reunido com os dois prefeitos e não houve anúncios. No sábado, foi a vez de o governador se reunir com representantes de setores produtivos. Estava em discussão a proposta de antecipar feriados de abril e criar um feriadão de 26 de março a 4 de abril. Segundo fontes, Castro negou a possibilidade de um lockdown. Novas medidas, no entanto, ainda não foram anunciadas.

    A proposta do governo estadual, segundo apurou Fernando Molica, analista da CNN, é anunciar restrições brandas, sem a paralisação das atividades. Haveria uma escala no horário do expediente, com o funcionamento do comércio entre 8h e 17h, enquanto o setor de serviços funcionaria entre 12h e 20h.

    Já o horário de fechamento dos bares e restaurantes deve variar entre 20h e 21h, assim como a capacidade de público dos shoppings, entre 30% e 50%. Já o fechamento ou não das praias e feiras ficaria a cargo de cada município.

    Enquanto o governo ‘costurou’ um acordo com os setores produtivos que mantém o funcionamento dos estabelecimentos mesmo em um feriado, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, têm declarado que deve anunciar regras mais rígidas e estuda inclusive o fechamento de setores não essenciais.

    Segundo a CNN apurou, Eduardo Paes ouviu as propostas do governador, mas só deve ‘bater o martelo’ sobre as restrições para a capital fluminense após consulta ao comitê científico nesta segunda-feira (22).

    Comitê científico vê sugestões com cautela

    A maior parte dos integrantes do comitê científico, composto por médicos e pesquisadores, tem defendido o endurecimento das medidas de enfrentamento à Covid-19 diante da alta na procura por hospitais.

    Neste domingo, a cidade chegou ao sexto dia consecutivo de recorde de pessoas com coronavírus internadas em UTI. Segundo dados da prefeitura divulgados às 11h48, são 647 pacientes.

    A CNN entrou em contato com dois membros do comitê científico para saber o que eles pensam sobre as medidas discutidas entre governador, prefeitos e o setor econômico do estado. Sobre o ‘super feriadão’, um deles avalia que a decisão necessita de dados para embasamento.

    “Se isso frear a circulação de pessoas e elas ficarem em casa, a medida é válida. Fora isso, pode não fazer muito sentido. Essas reuniões foram realizadas num sábado e num domingo. Que base foi apresentada para isso ser cogitado? Somente o ponto de vista econômico foi avaliado? E o da saúde? Foi analisado?”, indagou.  

    Outro médico apontou: “teremos que ouvir as propostas que serão repassadas pelo prefeito [Eduardo Paes] amanhã [22], mas a maioria defende o fechamento de grande parte das atividades econômicas. Essa é nossa posição”, afirmou.

     

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