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    Pais de grávida morta por bala perdida decidem processar governo do RJ

    Reprodução simulada da morte da modelo Kathlen Romeu será feita no próximo dia 14 de julho

    Pedro Duran e Beatriz Puente, da CNN, no Rio de Janeiro

    Os pais da designer de interiores Kathlen Romeu, que foi morta por um tiro no último dia 8 de junho, informaram à CNN que vão processar o governo do estado do Rio de Janeiro pela morte da filha. Kathlen Romeu morreu em uma suposta troca de tiros entre policiais militares e bandidos na região do complexo do Lins, na zona norte do Rio de Janeiro.

    Pouco menos de dois meses antes de ser morta, ela tinha se mudado para o bairro do Engenho Novo, que também fica na zona norte, com os pais. No dia em que morreu, havia ido visitar a avó, Sayonara.

    Avó, mãe e pai foram ouvidos pelo Ministério Público nesta terça-feira (29/6). Eles prestaram depoimentos para duas investigações: uma que apura a morte da jovem de 24 anos que estava grávida de 13 semanas. Outra que apura os abusos policiais.

    Minha vida acabou. A vida de toda a família acabou. Como ela disse, não foram dois seres que eles tiraram a vida, meu neto e minha filha, foi de toda a família. Toda a família tá destruída, tá despedaçada

    Luciano dos Santos Gonçalves, personal trainer, pai de Kathlen

    Luciano e a compradora Jaqueline Oliveira, mãe de Kathlen, receberam a CNN no apartamento do Engenho Novo. Eles aguardam a reprodução simulada que foi marcada para o dia 14 de julho. Querem saber de onde e de quem partiu o tiro que matou a jovem.

    “A gente tem que entender o que aconteceu. Não vai mudar nada pra mim. Para mim, mãe, nós, como família, não vai mudar em nada. Não vai voltar a minha filha, não vai voltar a filha dele, não vai voltar a esposa do Marcelo, não vai voltar a neta da Sayonara” diz Jaqueline.

    “Eu minto diariamente pra mim. Quando às vezes quando a dor aperta muito eu falo ‘calma, calma, calma!’ porque ela vai voltar. Porque eu não consigo acreditar que isso acontece com as pessoas e, em especial, comigo. Eu falo diariamente: eu estou vivendo o inacreditável”, completa.

    A legitimidade de operações policiais em comunidades do Rio de Janeiro é debatida no Supremo Tribunal Federal. No ano passado o ministro Edson Fachin havia determinado a suspensão desse tipo de ação.

    Em ocasiões muito específicas, as operações estariam liberadas, mas precisariam seguir uma série de pré-requisitos. No caso da ação que terminou com a morte de Kathlen, a PM alega que reagiu ao ataque de bandidos. O governo do estado defende que operações policiais fiquem sob sigilo.

    Eu não recebi nenhuma mensagem de ninguém representante do Estado pra me prestar condolências, entendeu? Eu recebi ligação de tudo que é espécie, mas do Estado não recebi. Por que? Por que?

    Jaqueline Oliveira, compradora, mãe de Kathlen Romeu

    Em nota, o governo disse que uma equipe da Secretaria de Estado de Vitimados “esteve com a família da jovem ainda no hospital para onde ela foi socorrida no dia do fato e ofereceu auxílio social e psicológico imediatos”.

    Segundo o executivo estadual, “a pasta também acompanhou a liberação do corpo no Instituto Médico Legal, bem como o sepultamento da vítima” e que atuou “na interlocução entre os familiares e o Ministério Público, e segue dando continuidade ao atendimento”.

    Antes de Kathlen morrer, o pai tinha marcado de conversar com calma com a filha. Ele revelou à CNN o motivo de ter combinado o encontro.

    “Eu tinha arrumado um emprego pra ela na área dela, design no interiores. Uma aluna minha que trabalhava na área disse que minha filha poderia trabalhar com ela. E eu ia dar essa notícia pra ela para alegrá-la. E eu não consegui falar com ela. E eu espero que o que aconteceu com a minha filha não aconteça mais com ninguém e que esse motivo que a gente tem voz, que a gente consiga ser escutado e respeitado. (…) Eu tinha marcado uma reunião com a minha filha e encontrei minha filha em um saco preto no Instituto Médico Legal, em um hospital. Isso não sai da minha cabeça”, disse ele.

    Modelo e designer de interiores Kathlen Romeu
    Reprodução da morte de Kathlen Romeu é marcada para 14 de julho
    Foto: Reprodução/Instagram (5.jun.2021)

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