Rainha não doou Rolls-Royce usado por presidentes do Brasil; conheça a lenda
Carro conversível preto é tradicionalmente usado em posses presidenciais e cerimônias de comemoração; lenda conta que veículo teria sido presente da monarca britânica
No último 7 de Setembro, ao chegar para o desfile-cívico militar em Brasília nas comemorações do Bicentenário da Independência, o presidente Jair Bolsonaro (PL) acenava ao público de dentro de um carro conhecido da população brasileira.
O Rolls-Royce conversível preto, do modelo Silver Wraith, é tradicionalmente o veículo da Presidência para ocasiões especiais, como a posse de um novo mandatário e outras comemorações de feriado, por exemplo.
Diferentemente do que conta a história altamente difundida, o famoso carro não é fruto de um presente dado ao Brasil pela falecida rainha Elizabeth II.
O automóvel pertence ao governo brasileiro desde a década de 1950. Tendo sido fabricado na Inglaterra, em 1952, e trazido ao Brasil no ano seguinte.
A primeira vez em que o Rolls-Royce presidencial foi utilizado por uma autoridade brasileira aconteceu nas comemorações do Dia do Trabalho, em 1º de maio de 1953, pelo então presidente Getúlio Vargas.
Em agosto do mesmo ano, ele estreou com autoridades internacionais, quando o general Manoel Odria, então presidente do Peru, andou a bordo.
Com o passar dos anos, a origem do veículo foi ganhando diferentes histórias como explicação. Uma das versões que ganhou maior popularidade foi a de que a Rainha Elizabeth II presenteou o Brasil com o veículo de alto padrão.
Apesar de muito acreditada até os dias atuais, fontes oficiais negam a doação da monarca britânica, afirmando que o Rolls-Royce foi encomendado a pedido do próprio Vargas.
Mesmo que o boato seja falso, a rainha Elizabeth II chegou a andar no automóvel durante sua primeira e única visita ao Brasil, em 1968.
De acordo com a agência de notícias da Câmara dos Deputados, o preço pago pelo veículo seria equivalente ao preço na época de sete automóveis Jaguar, carro que hoje custa cerca de US$ 60 mil.
O empresário Gastão Correia da Veiga Filho, dono da empresa importadora dos carros ingleses, alega que ainda guarda as faturas do Rolls-Royce presidencial.
A filha de Getúlio, Alzira Vargas, garantia que o carro foi pago por amigos do presidente.
Segundo o biógrafo de Getúlio, o historiador Lira Neto, foram encomendados dois Rolls-Royce: uma limusine fechada e outro conversível.
Também foram pedidas características específicas para a carroceria: reforço nas chapas de aço do para-choque e instalação de mastros para uso de bandeiras oficiais, por exemplo.
Com o passar dos anos, o Rolls-Royce preto presidencial ficou marcado como o veículo oficial de cerimônias especiais para a Presidência.
Os últimos mandatários brasileiros – de Bolsonaro à FHC – desfilaram a bordo do automóvel em suas cerimônias de posse.