Quem era Julieta Hernández, artista venezuelana morta no Amazonas
Ela estava desaparecida desde 23/12; corpo foi localizado em Presidente Figueiredo no dia 05/01
Migrante nômade, bonequeira, palhaça e viajante de bicicleta. É assim que Julieta Hernández se apresenta nas redes sociais. Na biografia do Instagram, que conta com mais de 10 mil seguidores, a artista leva a frase: “Minha casa é o movimento”.
A venezuelana chegou ao Brasil em julho de 2016 e estava há quatro anos viajando de bicicleta. Ela pedalava de volta ao país de origem quando foi morta. Sua última comunicação foi no dia 23, na cidade de Presidente Figueiredo, no Amazonas. A próxima parada seria em Rorainópolis, Roraima, mas a artista não chegou ao local.
A maioria das suas apresentações era feita na rua, mas Julieta também se apresentava em teatros.
“Quem já apresentou na rua sabe que fazê-lo é sempre uma grande batalha com unhas e com dentes para vencer milhares de obstáculos em forma de distrações”, publicou.
Nas redes sociais, a artista compartilhava o dia a dia das viagens. Em uma das postagens, ela relata que a única cidade que ela colocou no roteiro foi Afuá.
“Viajo de bike direto desde 2019 e nesse percurso a única cidade marcada na minha rota, mesmo sem estar dentro do caminho (Rio de Janeiro, Brasil – Ciudad Guayana, Venezuela), é Afuá: a cidade das bicicletas”.
Uma das personagens que a artista interpretava era a miss jujuba, palhaça de rua que encantava a criançada.
“Agradeço a miss jujuba o encantamento que ela gera em mim e em quem se permite trocar de coração com ela”, publicou.
Comoção nas redes sociais
Os mais de 10 mil seguidores que acompanhavam a rotina da artista no Instagram postaram mensagens de apoio e indignação pela morte de Julieta.
“Muito difícil entender por que uma pessoa perde a vida assim. Por que uma pessoa que não oferece risco a ninguém, não possa andar livre pelo nosso país? Qual o intuito de matar alguém totalmente indefesa? Tinham o que para tirar dela? Era uma viajante apenas. Que inaceitável isso”, publicou uma internauta.
“Estou em pedaços, assisti um vídeo dela em sua bike chegando no Amazonas, cumprindo o seu caminho e soube que ela não conseguiu chegar ao seu destino final. Julieta, perdão. Em nome de todos os brasileiros. É muita dor saber que uma mulher tão livre, sorridente e artista foi arrancada deste mundo de uma forma tão brutal. Espero que a justiça seja feita. Descanse em paz, hermana”, postou outra seguidora.
Relembre o crime
Um casal foi preso pela Polícia Civil do Amazonas na noite desta sexta-feira (05), suspeito de envolvimento na morte de Julieta Hernández, artista venezuelana que estava desaparecida desde o dia 23 de dezembro.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública do AM, o corpo foi localizado enterrado em uma mata na cidade de Presidente Figueiredo, interior do estado, próximo ao local onde Julieta foi vista pela última vez. Conforme a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SP-AM) informou, a identificação foi realizada por meio de exame de necropapiloscopia.
Informações do delegado responsável pelo caso apontam que o crime teria sido cometido por conta do roubo do celular da artista, aliado a uma briga do casal por ciúmes. Julieta teria se hospedado na casa do casal. Na madrugada, o homem, identificado como Thiago, teria tentando roubar o celular da vítima, que reagiu e foi enforcada até perder a consciência. Depois, a esposa do Thiago, identificada como Deliomara, a mando do marido, amarrou as mãos e os pés de Julieta. Foi nesse momento que Thiago violentou a venezuelana.
Segundo depoimento de Deliomara, ela ligou as luzes e, com ciúmes do marido, jogou álcool e ateou fogo nos dois. Na sequência, o casal leva Julieta para área de mata e a enterram. A polícia não descarta possibilidade dela ter sido enterrada ainda viva. O casal tem 5 filhos, que estavam na casa enquanto tudo acontecia.
Thiago já tem um boletim de ocorrência em aberto em Manaus. O casal será indiciado a por latrocínio, estupro e ocultação.
Os policiais encontraram, próximo à casa dos suspeitos, partes da bicicleta utilizada pela artista. O equipamento estava nas proximidades onde o corpo foi localizado.