Queimadas no Brasil aumentam 17% no mês de agosto
Segundo especialistas, caatinga e cerrado são os biomas mais afetados por incêndios florestais em 2021
O Brasil registra hoje mais da metade dos focos de incêndios florestais de toda a América do Sul. Em agosto, o aumento das queimadas no país chegou a quase 20% em comparação com o mesmo mês do ano passado. O cenário preocupa especialistas.
Dados coletados pelos satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) significam um alerta: o número de queimadas no Brasil está aumentando – e muito.
De janeiro a agosto deste ano, foram registradas 5,8% de queimadas a mais do que no mesmo período de 2020. Se formos comparar agosto de 2021 com agosto do ano passado, esse número é ainda maior: um aumento de 17,1%. Na América do Sul, mais de 50% das queimadas deste ano são no Brasil.
“O pior bioma em termos de ocorrência de fogos, se compararmos com o ano passado, é a caatinga, região do semiárido do Nordeste”, diz o pesquisador do programa queimadas do INPE, Alberto Setzer. “Outro bioma que está sofrendo muito esse ano é o cerrado, que está com 38% a mais de focos [de incêndios] do que 2020.”
Na última semana, um incêndio devastou 85% da vegetação do Parque Estadual do Juquery, no estado de São Paulo. O fogo começou após a queda de um balão. O tempo seco também colaborou para que as chamas se espalhassem por mais de 2 mil hectares. Para controlar o fogo, os bombeiros levaram 40 horas.
“Todos os casos que estamos detectando agora são de ação humana. Ou por acidente, ou proposital, mas é uma ação humana que está por trás disso. O clima apenas cria condições favoráveis para a vegetação queimar”, afirma Setzer.
Especialistas afirmam que grandes incêndios, como o do Parque do Juquery, contribuem para o cenário de devastação ambiental e aquecimento global.
Dados do relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC) indicam que a temperatura média do planeta tende a aumentar 1,5°C nas próximas duas décadas. O que acende um alerta aos especialistas em mudanças climáticas.
“Não se trata de um impacto isolado. As pessoas, nós, a sociedade vive em total conexão com o meio ambiente. Tudo que impacta o meio ambiente impacta todos nós”, diz o diretor-executivo do WWF-Brasi, Maurício Voivodic.
A temperatura da superfície global vem aumentando em um ritmo mais acelerado desde 1970. Toda essa mudança climática causa fenômenos extremos que, segundo os especialistas, estão sendo documentados com mais frequência, como ondas de calor, secas e ciclones tropicais.
Os cientistas reforçam a importância da união da sociedade e dizem que, só assim, será possível reverter as perspectivas atuais. “Todos precisamos fazer nossa parte com muita urgência e ambição, e os governos e as empresas têm mais responsabilidades. As soluções existem, e é nossa responsabilidade dar escala para elas”, afirma Voivodic.