Professores da rede privada decidem manter ‘greve pela vida’ no Rio de Janeiro
Magistrados defendem a manutenção das aulas pela internet até que as autoridades de saúde garantam condições sanitárias seguras


Os professores da rede privada do Rio de Janeiro decidiram manter a “greve em defesa da vida” e não retornar ao ensino presencial, em assembleia realizada nesse sábado (3) virtualmente. Eles defendem a manutenção das aulas pela internet até que as autoridades de saúde garantam condições sanitárias seguras.
O presidente do Sindicato dos Professores do Município e Região (Sinpro-Rio), Oswaldo Teles, argumentou que nenhum órgão científico, como Fiocruz, recomenda a volta às aulas neste momento. Para ele, o trabalho presencial, por enquanto, traz risco à vida dos professores, estudantes, familiares e toda a sociedade, já que vai aumentar o fluxo e a interação entre pessoas no município.
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É a sexta vez em três meses que os docentes da rede particular aprovam a manutenção da greve. Agora, a decisão vem logo após o Tribunal de Justiça autorizar o retorno do ensino presencial nas unidades privadas. A permissão já vale desde a última quinta-feira (1º) e vários estabelecimentos programaram a volta para esta segunda-feira (5).
Uma ação que debate a retomada também corre no Tribunal Regional do Trabalho, com uma audiência de julgamento do mérito prevista para o dia 15 de outubro, segundo o Sinpro. O sindicato orienta que, por decisão da Justiça trabalhista, as escolas não podem obrigar funcionários do grupo de risco a voltar e também precisam garantir a testagem dos demais antes do início das atividades em sala de aula.
Uma nova assembleia foi convocada para o dia 10 de outubro.
Briga na Justiça teve início em agosto
As escolas suspenderam o ensino presencial no mês de março, ainda no início da pandemia do novo coronavírus no Brasil.
No fim de julho, o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) anunciou a permissão para o retorno presencial do 4º, 5º, 8º e 9º anos da rede particular, a partir do dia 3 de agosto. Houve reação por parte de pais e órgãos como a Fiocruz e menos de dez escolas retomaram as atividades. Já no dia 6 de agosto, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro suspendeu o decreto municipal.
O governo do Estado decidiu, então, autorizar as aulas a partir do dia 14 de setembro, mas a suspensão veio da 23ª Vara da Justiça do Trabalho, no dia 10 de setembro, atendendo pedido do Sinpro.
O Sindicato dos Estabelecimentos de Educação Básica do Município do Rio de Janeiro (Sinepe) recorreu e conseguiu a autorização no dia 10 de setembro. Porém, na capital, ainda valia a proibição do Tribunal de Justiça, que caiu na última quinta-feira.