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    Presidente da Enel prevê novas quedas de energia para este final de semana

    Executivo respondeu aos questionamentos de parlamentares durante sessão da CPI da Enel na Alesp

    Victor Aguiarda CNN

    A CPI da Enel escuta, nesta quinta-feira (16), o presidente da Enel Brasil, Nicola Cotugno. Durante a sessão realizada na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), o executivo falou sobre os episódios recentes de falta de energia elétrica na Grande São Paulo, que afetaram mais de 2 milhões de clientes, e rebateu críticas feitas à postura da empresa na gestão da crise.

    Cotugno também explicou como a Enel se prepara para lidar com as chuvas previstas para o fim desta semana, mas alertou que novos casos de falta de energia devem ser registrados.

    O presidente respondeu, ainda, a questionamentos sobre o pagamento de indenizações aos clientes prejudicados economicamente pelo apagão.

    Preparação para o final de semana

    A Defesa Civil de São Paulo emitiu ontem (15) um novo alerta de tempestades e fortes rajadas de vento, que devem ser registradas entre esta sexta-feira (17) e o domingo (19). Segundo o comunicado, os ventos devem chegar a velocidades entre 60 e 80 km/h, e podem alcançar, antes ou durante as chuvas, até 100 km/h.

    Durante a sessão, os deputados cobraram de Cotugno as ações que estão sendo planejadas pela Enel para lidar com o evento.

    O presidente reconheceu que “não será possível realizar o máximo possível” em função do período curto de tempo entre dois eventos climáticos considerados “raros”, de ventanias tão fortes. Apesar disso, Cotugno afirmou que a Enel já está trabalhando com maior contingente, com cerca de 1.200 equipes e aproximadamente 3.000 pessoas nas ruas para atender a ocorrências decorrentes das chuvas.

    Além disso, foram mobilizadas 1.500 pessoas para atendimento no call center da empresa, com um outro grupo de mais de 300 pessoas voltados especialmente para o contato pessoal em casos considerados críticos, como os de pessoas que dependem de equipamentos eletrônicos por questões de saúde.

    Ainda a respeito desse grupo de clientes, Cotugno afirmou que “esses clientes são cadastrados em um sistema da empresa, no qual entendemos exatamente qual é o cliente, que problema tem e onde está posicionado geograficamente”.

    Ele também reforçou que tais consumidores têm a possibilidade de “furar a fila” para chegar aos atendentes antes de outros clientes. Mas reconheceu: “No momento de uma possível contingência tão pesada, não podemos assegurar que não possa faltar luz também na casa de clientes que dependam da eletricidade”.

    Pedido de desculpas

    Durante a sessão, presidente da empresa se defendeu das críticas que recebeu após fala feita durante entrevista publicada pela Folha de S.Paulo, no dia 7 de novembro. Ao jornal, Cotugno falou que “não é para nos desculparmos, não, o vento foi absurdo”, se referindo à tempestade deste mês.

    A afirmação gerou repercussão negativa, além de acusações de descaso contra a Enel em relação aos problemas enfrentados pela população. Cotugno, que é italiano, afirmou que a polêmica se deve a uma questão linguística.

    “A palavra italiana ‘desculpar-se’ significa dar elementos para tirar a culpa de si”, afirmou. “Eu usei essa palavra como uma má tradução para falar ‘eu não quero evitar de ter responsabilidade de mim, mas quero dar uma visão do contexto’”, disse o executivo, antes de fazer um pedido de desculpas aos clientes, às cidades e às prefeituras afetadas pela falta de energia elétrica.

    Plano de ação e indenizações

    Ao longo da oitiva, o diretor-presidente foi alvo de questionamentos a respeito de uma data para divulgação de um plano de ressarcimento dos clientes que tiveram prejuízos decorrentes da falta de luz, como comerciantes e donos de restaurantes.

    Mesmo pressionado, Cotugno evitou definir uma data para divulgação. “O plano existe, o plano será reforçado e o plano será comunicado em breve”, afirmou. Após cobranças do deputado estadual Luiz Claudio Marcolino (PT/SP), no entanto, o presidente da Enel concordou com a possibilidade de publicação do plano antes do dia 28 de novembro.

    Ao falar sobre as indenizações, Cotugno também evitou ser específico. “A gente está avaliando diferentes opções e acho que em poucos dias vamos sair com uma definição concreta”, disse.

    O deputado Luiz Claudio chegou a sugerir um ressarcimento por danos morais de, pelo menos, R$ 5 mil para pessoas físicas e R$ 15 mil para pessoas jurídicas. A deputada estadual Carla Morando (PSDB/SP), por sua vez, perguntou sobre a possibilidade de ressarcimento a partir do lucro líquido da Enel, que dobrou em relação ao mesmo período do ano passado. Mesmo assim, Cotugno não confirmou qual será a ação adotada.

    Quem é Nicola Cotugno

    Nicola Cotugno é diretor-presidente da Enel no Brasil desde outubro de 2018. Nascido na Itália, o executivo é formado em engenharia mecânica pela Universidade de Roma e possui especialização em negócios pela INSEAD Business School de Fontainebleau (Paris) e pelo MIT (Boston).

    Com 27 anos de experiência no setor elétrico, trabalhou nos últimos 14 anos como expatriado em países europeus e da América Latina. Cotugno ingressou no Grupo Enel em 1991, na área de Geração e ocupou uma série de cargos de liderança até 2000, quando passou para a área de Gerenciamento de Energia.

    Sob supervisão de Vital Neto e Bruno Laforé

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