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    Prefeitura de SP contabiliza 44 pessoas em situação de rua mortas por Covid-19

    Pessoas cadastradas no centros de acolhida da capital paulista, acima dos 18 anos, estão aptas para serem imunizadas contra a doença do novo coronavírus

    José Brito e Mariana Catacci, da CNN, em São Paulo

    Desde o início da pandemia, pelo menos 44 pessoas em situação de rua morreram pelo novo coronavírus na cidade de São Paulo. Os dados foram enviados pela Secretaria Municipal de Saúde a pedido da CNN e registrados desde o início da pandemia até abril de 2021.

    O último censo divulgado pela Prefeitura, referente ao ano de 2019, contabiliza 24.344 pessoas em situação de rua na capital paulista.

    De acordo com documentos internos da Coordenadoria de Atenção Básica da gestão municipal, aos quais a reportagem teve acesso, 13.853 doses da vacina foram aplicadas neste grupo prioritário até o dia 3 de maio, totalizando 10.121 primeiras aplicações e 3.732 pessoas completamente imunizadas.

    A reportagem questionou a prefeitura sobre o sistema de monitoramento utilizado para garantir a aplicação da segunda dose nesta população, mas não obteve resposta.

    Pessoas em situação de rua com mais de 60 anos podem receber a vacina contra o coronavírus desde o dia 12 de fevereiro deste ano, e aquelas cadastradas nos centros de acolhida, com mais de 18 anos, desde o dia 29 de março.

    Segundo a Prefeitura, os cidadãos que não podem arcar com as despesas do funeral têm direito à gratuidade do sepultamento e outros procedimentos necessários. Os mortos em situação de rua podem ser sepultados como social gratuito, quando acompanhado por um familiar, ou social desconhecido. Caso a morte aconteça nas dependências de serviços de acolhimento social, a administração do local pode solicitar ao Serviço Funerário do município a gratuidade do processo.

    Em entrevista à CNN, o Padre Júlio Lancellotti, que é referência no acolhimento de pessoas em situação de rua na capital paulista, afirma que ainda é difícil explicar o impacto da pandemia sobre esta parcela da população. Segundo ele, a perspectiva era de que a doença iria impactar de forma mais intensa a saúde dos desabrigados, devido à falta de acesso a equipamentos e, até mesmo, itens básicos de proteção.

    No entanto, Lancellotti conta que, desde o início da pandemia, só conheceu uma pessoa em situação de rua que morreu pelo novo vírus, uma mulher com diversas comorbidades.

    “Os que estão na rua sentiram mais fortemente o impacto em termos de diminuição das doações e da circulação de pessoas. Pode ocorrer uma subnotificação, da mesma forma que com o restante da população, mas a gente não consegue medir porque a população de rua ainda não é devidamente estudada para entendermos o que está acontecendo com ela”.

    Os que estão na rua sentiram mais fortemente o impacto em termos de diminuição das doações e da circulação de pessoas

    Padre Júlio Lancelotti

    O infectologista Álvaro da Costa, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP), diz que a maior dificuldade em monitorar dados referentes a pessoas em situação de rua é a baixa procura e o baixo acesso aos serviços de saúde. Para ele, a pouca adesão aos tratamentos por parte da população que vive em áreas abertas gera estimativas subestimadas quanto aos casos e mortes.

    O padre Júlio observa ainda que muitas das recomendações feitas pelos grandes órgãos de saúde são praticamente impraticáveis para os que vivem nas ruas. “Fique em casa. Qual é a casa? Lave as mãos. Onde, se eles não têm acesso à água potável? Use álcool em gel. Aonde eles conseguem? Isso tudo tem que ser fornecido”, diz.