Poluição diminuiu, mas precisamos de mudança em longo prazo, diz ambientalista
Fabiana Alves, do Greenpeace Brasil, avaliou que mudança na quarentena será impactada por alta do desmatamento e retomada das atividades
Em entrevista à CNN, nesta sexta-feira (5), a ambientalista Fabiana Alves, especialista em clima e energia do Greenpeace Brasil, avaliou que a diminuição nos níveis de poluição durante a quarentena pode não significar uma melhora do ponto de vista ambiental para o Brasil, já que o desmatamento segue em alta.
“Houve um aumento de 80% no desmatamento na Amazônia – de agosto até aqui – comparado ao período anterior. Então, essa diminuição de poluição durante a quarentena pode não refletir numa diminuição da emissão de gases de efeito estufa para o Brasil”, analisou ela, que citou dados do Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter).
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Fabiana afirmou que a retomada das atividades – da mesma forma como eram realizadas antes do isolamento social – também tendem a causar o aumento natural da poluição e ressaltou a necessidade de ações com efeito em longo prazo.
“A poluição nos grandes centros diminuiu devido à quarentena, porém precisamos de mudança que seja de longo prazo e isso só vai ser possível com transporte público adequado e diminuição do uso do transporte individual”, exemplificou, além de reforçar que o saneamento básico tem papel importante nessa questão.
Em Veneza, na Itália, os canais voltaram a ter águas cristalinas por causa do isolamento social. Diante disso, a especialista do Greenpeace Brasil avaliou que há lições que a sociedade pode aprender com os efeitos da quarentena no meio ambiente.
“[Podemos aprender a] não duvidar das mudanças climáticas, da ciência e de que a ação humana tem, sim, consequências ao meio ambiente”, pontuou.
“Além disso, lembrar que falar de meio ambiente é falar de direitos humanos e sociais e de todas as transversalidades de assuntos e problemas estruturais que temos no país e que precisam ser discutidas juntas. Não existe conversa sobre meio ambiente sem falar dos direitos sociais das pessoas, ou de mudanças climáticas sem abordar do problema da desigualdade. A gente tem que ter isso em mente: que vamos precisar reconstruir um país”, concluiu.
(Edição: Sinara Peixoto)