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    Policiais da Rota viram réus por morte durante operação no litoral paulista

    Um dos réus era o coordenador da Operação Escudo, realizada em julho de 2023 na Baixada Santista

    Thomaz CoelhoYasmin OliveiraCatarina Nestlehnerda CNN* , em São Paulo

    Dois agentes da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), unidade de elite da Polícia Militar de São Paulo, se tornaram réus por causa de uma das 28 mortes ocorridas durante a Operação Escudo, que foi realizada no ano passado no litoral paulista.

    A denúncia foi apresentada pelo Ministério Público e aceita pelo juiz Thomaz Correa Farqui, da 3ª Vara Criminal de Guarujá. Agora já são seis policiais denunciados por mortes durante a Operação Escudo.

    O capitão Marcos Correa de Moraes Verardino e o cabo Ivan Pereira da Silva foram indiciados pelos crimes de homicídio qualificado e fraude processual. O capitão Marcos, à época, era o coordenador operacional da Operação Escudo. O juiz determinou também a suspensão do exercício das funções na PM do cabo Silva e do capitão Verardino, o primeiro oficial a ser denunciado em decorrência da operação. A defesa deles pode entrar com recursos.

    Eles também foram acusados de destruir provas. A ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo classifica a Operação Escudo como uma das mais violentas ações da PM no estado.

    A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo foi procurada pela CNN, mas informou que não comenta decisões judiciais.

    A Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo disse que valoriza os bons policiais e defende a segurança pública que respeita a vida e promove a cidadania plena.

    As defesas dos dois policias não foram encontrada.

    Como foi o caso

    O processo contra os dois policiais, que tramita em segredo de Justiça, refere-se à morte do morador Fabio Oliveira Ferreira durante uma abordagem policial em 28 de julho de 2023.

    Conforme a denúncia da Promotoria, os policiais patrulhavam o distrito de Vicente de Carvalho quando viram Fabio e o abordaram alegando que ele portava uma arma. Os PMs não usavam câmeras corporais na farda.

    A investigação apontou que o capitão Verardino disparou três tiros de fuzil contra o rapaz, que estava com as mãos levantadas. O cabo Silva fez mais dois disparos contra o tórax do homem já caído.

    Antes de deixar o local, os policiais recolheram imagens de câmeras de segurança instaladas em uma casa que, segundo a denúncia, funcionavam no momento dos disparos. Segundo a promotoria, essas imagens desapareceram, indicando que os policiais tentaram obstruir a investigação. Eles também foram denunciados por obstrução da Justiça.

    Ferreira foi o primeiro dos 28 mortos pela PM na Baixada Santista durante os 40 dias da Operação Escudo, no ano passado, após o assassinato do policial Patrick Bastos Reis, da Rota, durante patrulhamento o Guarujá. Conforme organizações de direitos humanos, a ação foi desencadeada como suposta vingança pela morte do policial.

    Outros dois policiais da Rota que estavam na mesma viatura usada na abordagem da vítima não foram denunciados porque, segundo o MP, não participaram dos crimes.

    Relembre a operação

    Iniciada no fim de julho e encerrada após 40 dias, a Operação Escudo foi deflagrada após o assassinato de um soldado da Rota durante uma ação policial em Guarujá, na Baixada Santista.

    Após anunciar o fim da Operação Escudo, o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, afirmou que o litoral paulista continuaria com ações da Operação Impacto, que estava em andamento na região antes da Operação Escudo.

    “Mais do que um recado, é uma demonstração clara que o Estado não será afrontado em nenhuma ocasião aqui em São Paulo. Esperamos que operações como a Escudo não sejam necessárias, mas operações Escudo serão desencadeadas para garantir que não haja um Estado paralelo”, disse Derrite.

    A pasta acrescentou que, durante os 40 dias da operação, 958 pessoas foram presas, sendo que 382 eram procuradas pela Justiça. Além disso, 117 armas de fogo e 977 quilos de drogas foram apreendidos.

    Entre os dias 3 de fevereiro e 1º de abril deste ano, o governo voltou a realizar operações na Baixada Santista, após novas mortes de policiais na região. Na chamada Operação Verão, 56 pessoas foram mortas em decorrência de ações policiais.

    * Sob supervisão. Com informações do Estadão Conteúdo

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