Polícia indicia 11 suspeitos de aplicar “golpe do falso investimento”
Investigação aponta que grupo teria faturado mais de R$ 1 bilhão com os crimes
A Polícia Civil do Rio Grande do Sul concluiu parte do inquérito que investiga a criação de um falso grupo de investimentos. Onze pessoas foram indiciadas.
Os possíveis crimes apontados até agora são de estelionato, crime contra a economia popular, que é o esquema de pirâmide, e associação criminosa. Os suspeitos permanecem detidos preventivamente.
A polícia também apura possíveis crimes de lavagem de dinheiro e organização criminosa, e avalia ainda a possibilidade de participação de outras pessoas.
“O inquérito já foi emitido ao judiciário, está à disposição do Ministério Público e do juiz”, afirmou o delegado titular da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas, Heleno dos Santos.
A investigação parte do pressuposto de que o crime estava sendo cometido em todo o território nacional, por isso a Polícia Civil do Rio Grande do Sul tem mantido contato com as corporações de outros estados brasileiros.
As prisões aconteceram nas últimas semanas no Rio Grande do Sul, São Paulo e Santa Catarina – estado em que reside o maior número de suspeitos.
Segundo o delegado responsável pelo caso, o grupo teve lucro de mais de R$ 1 bilhão. Ao longo das investigações foram descobertos ao menos 28 grupos de Whatsapp, cada um com mais de mil integrantes, o que pode resultar em mais de 30 mil vítimas.
Como funcionava o golpe
O grupo agia usando uma plataforma digital de investimentos on-line, chamada “Genesis.vet” (Genesis Finance Limited), nome “copiado” em parte de uma empresa do ramo financeiro denominada “Gênesis Investimentos”, que não tem relação nenhuma com a investigação.
O golpe começava a partir do momento em que a vítima era convidada a fazer o upload do aplicativo “Genesis.vet” para o seu smartphone, cadastrando em seguida os seus dados pessoais, anexando diversos documentos pessoais.
Na sequência, a pessoa recebia um link para aderir a grupos de Whatsapp, onde recebia orientações de como investir. A Polícia afirma que os suspeitos pressionavam as vítimas para que os investimentos fossem feitos rapidamente.
De acordo com a polícia, os golpistas mesclavam o uso de aplicativos legítimos com o uso de ferramentas falsas. Havia ainda o uso regular de aplicativos para a conversão de moeda estrangeira.
O golpe era consumado quando as vítimas usavam códigos Pix e pagavam boletos, acreditando que estavam realmente fazendo investimentos, quando, na verdade, estavam transferindo os valores diretamente para as contas dos criminosos ou das empresas por eles criadas.
Há indícios de que parte do dinheiro era depositada em contas localizadas no exterior.
Apesar de não terem nenhuma formação na área financeira, segundo a polícia, os golpistas geralmente se utilizavam de linguagem técnica normalmente usada por corretores de investimentos e consultores financeiros, sempre aparecendo em vídeos e imagens postadas nos grupos de whatsapp como figuras bem-sucedidas, enaltecendo os retornos financeiros excepcionais e rápidos ganhos da plataforma “Genesis”.
Algumas vezes, eles exibiam, ainda, veículos e bens variados supostamente adquiridos com os altos e falsos retornos – o dinheiro usado para a compra dos bens pelos golpistas, na verdade, era o dinheiro das próprias vítimas.