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    Governo pedirá para PF e Abin apurarem falha energética no país, diz ministro

    Energia foi reestabelecida em todo o sistema elétrico nacional após seis horas na tarde desta terça-feira (15)

    Léo LopesDouglas Portoda CNN , em São Paulo

    O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que irá solicitar à Polícia Federal (PF) e à Agência Brasileira de Inteligência (Abin) a apuração das causas do apagão ocorrido nesta terça-feira (15) em diversos estados brasileiros. O objetivo, diz o titular da pasta, é apurar “eventuais dolos”.

    “Primeiro é que é um sistema altamente sensível, é um sistema que requer planejamento, requer total e completo monitoramento. Tenho absoluta convicção que o ONS [Operador Nacional do Sistema], até por sua característica técnica, não vai ter condição de dizer textualmente se esses eventos foram eminentemente técnicos, ou se houve também falha humana ou até dolo”, explicou Silveira.

    “Eu estou, por se tratar de um setor altamente sensível, além de determinar as apurações devidas ao ONS [Operador Nacional do Sistema Elétrico], pela Aneel [Agência Nacional de Energia Elétrica] e pelas nossas vinculadas, estou oficiando ao Ministério da Justiça para que seja encaminhado à Polícia Federal um pedido de instalação de inquérito policial para que apure com detalhes o que poderia ter ocorrido além de diagnosticar apenas onde ocorreu”, prosseguiu.

     

    A energia foi reestabelecida em todo o sistema elétrico nacional após seis horas na tarde. A situação já havia sido normalizada nos locais afetados nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste ainda pela manhã.

    Veja imagens do apagão pelo Brasil:

    Como o apagão aconteceu?

    O apagão começou a ser registrado nos sistemas do ONS exatamente às 8h31 no horário de Brasília – quando foi interrompido o tradicional aumento da carga do sistema elétrico. Em dez minutos, a carga do sistema elétrico brasileiro caiu 25,9%.

    Dados do ONS mostram que o Brasil registrava 73.484,7 MW às 8h30 no horário de Brasília em trajetória de alta – exatamente como acontece todas as manhãs. Mas, no minuto seguinte, às 8h31, a carga do sistema cai repentinamente cerca de 7%.

    Apagão Gráfico ONS
    Gráfico da Operador Nacional do Sistema (ONS) mostra queda no momento do apagão que atingiu o Brasil nesta terça-feira (15) / Reprodução/Operador Nacional do Sistema (ONS)

    A perda de carga continua nos minutos seguintes até as 8h40, quando o sistema registra a menor carga do dia, de 54.383,7 MW.

    Os dados do SIN mostram que houve, em dez minutos, perda de carga de mais de um quarto da energia do sistema. A partir das 8h41, a carga volta a subir gradativamente.

    Segundo o analista de Economia da CNN Fernando Nakagawa, o Norte foi a região que mais sofreu com o apagão, com uma queda de 83,8% da carga em pouco mais de dez minutos.

    No Nordeste, a carga do sistema caiu 44,4%. No subsistema Sudeste-Centro-Oeste, a perda foi de 19% após o apagão e a queda chegou a 15,5% na região Sul – a que menos sofreu com o apagão.

    O que provocou o apagão?

    De acordo com o ONS, às 8h31 desta terça-feira, houve uma “ocorrência” – termo utilizado pela entidade para definir qualquer evento ou ação que leve o Sistema Interligado Nacional (SIN) a operar fora de suas condições normais.

    O SIN é um sistema de grande porte que interconecta, em uma malha de transmissão, a energia elétrica gerada em usinas hidrelétricas, termelétricas e eólicas no país. O ONS é a entidade responsável por coordenar e controlar as operações do SIN.

    Esse sistema é formado por quatro “subsistemas” divididos pelas regiões do Brasil: Sul, Sudeste/Centro-Oeste, Nordeste e Norte. O estado de Roraima é o único ainda desconectado do SIN.

    Segundo o ONS, a ocorrência às 8h31 provocou a “separação elétrica” das regiões Norte e Nordeste das regiões Sul e Sudeste.

    Isso levou à “abertura das interligações entre essas regiões”. A “interligação elétrica” é como o ONS chama o conjunto de linhas de transmissão que conecta duas ou mais áreas do sistema.

    Falha no Maranhão dividiu país ao meio, dizem fontes

    O diretor editorial da CNN em Brasília, Daniel Rittner, apurou com técnicos do setor elétrico que a falha na interligação aconteceu em um circuito perto de Imperatriz, no Maranhão – uma falha que, na prática, dividiu o país ao meio.

    No momento da ocorrência, a região Norte/Nordeste enviava grandes quantidades de energia para o subsistema Sudeste/Centro-Oeste.

    Com a interligação comprometida, o subsistema Sudeste/Centro-Oeste não gerava energia suficiente para atender toda a demanda, então houve acionamento do chamado ERAC — Esquema Regional de Alívio de Carga.

    Esse mecanismo, previsto nas operações do sistema elétrico, derruba automaticamente o fornecimento de energia em algumas localidades a fim de minimizar os efeitos da perda de energia.

    E apesar dos subsistemas de Norte e Nordeste estarem “exportando” energia no momento da falha, não foi possível manter a continuidade das operações nessas regiões, porque era preciso desligar turbinas de usinas hidrelétricas para impedir uma sobrecarga no sistema, que também derrubaria as redes.

    “Houve pelo menos 16 mil MW de interrupção de energia. O Operador, assim que identificou a situação, iniciou ação conjunta com os agentes para restabelecer a energia nas regiões”, disse o ONS.

    O ONS afirmou que as causas da ocorrência – ou seja, o que provocou essa falha nas interligações dos subsistemas Norte e Nordeste com o Sul e Sudeste/Centro-Oeste – ainda estão sendo apuradas.

    O vice-presidente Geraldo Alckmin disse mais cedo que a investigação da causa da perda de carga no sistema seria feita após a normalização completa.

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