O duro desafio de lidar com o luto em meio às incertezas da pandemia
“O meu pai era um homem cheio de vida e, com certeza, ainda tinha muito pra viver. Mas, infelizmente, não foi dessa maneira que aconteceu”. Em março deste ano, no Pará, Juliana Porto perdia o pai, de 69 anos, Ronaldo Porto, para a Covid-19. O aniversário de Ronaldo havia sido há poucos dias, e a família aguardava ansiosamente a festa de 70 anos no ano que vem. Um plano roubado pela Covid.
No mesmo mês, mas a quase 3 mil quilômetros dali, em Jaguariúna (SP), a funcionária pública Samira Godoi Rodrigues também viu seus planos de se casar e ter filhos abalados pela perda do marido, de apenas 40 anos, que faleceu em decorrência de complicações da doença. Assim como Juliana, ela sabe que o luto que atravessa agora é compartilhado por outros milhares de brasileiros.
“Quando você pensa que essa dor não é única, que há mais de 500 mil pessoas e que foi mais o marido de alguém que morreu, o filho de alguém, o pai de alguém ou a mãe, a tia de alguém… Eu não estou só nesse luto, né? É um luto coletivo mesmo.”
Neste episódio do E Tem Mais, Carol Nogueira compartilha relatos de famílias que perderam entes queridos para a Covid-19 e propõe um debate sobre o luto coletivo atravessado por milhares de pessoas durante a pandemia. Ao lado de Maria Helena Franco, doutora em psicologia clínica e coordenadora do Laboratório de Estudos e Intervenções sobre o Luto da PUC-SP, Carol fala sobre as dificuldades de atravessar o luto em um momento ainda marcado por incertezas e reflete sobre as condições socioeconômicas que podem tornar o momento ainda mais difícil. A psicóloga também avalia se as milhares de mortes diárias acabam gerando uma indiferença ou mesmo uma dificuldade de dimensionar e lidar com a morte.
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* Texto publicado por Diego Toledo