Piloto da Polícia Civil que teve helicóptero sequestrado no RJ presta depoimento
Agente afirmou que foi rendido por dois indivíduos que portavam fuzis e que a ação durou cerca de 50 minutos
O piloto da Polícia Civil do Rio de Janeiro que teve o helicóptero sequestrado durante uma ação de criminosos prestou depoimento nesta segunda-feira (20), na Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco). Ele chegou ao local, na zona norte da capital fluminense, por volta das 10h20.
O agente afirmou que foi rendido por dois indivíduos que portavam fuzis e que a ação durou cerca de 50 minutos. Ao decolar com os supostos passageiros, o piloto foi rendido e avisado que deveria ir ao Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na zona oeste da capital fluminense, para resgatar um presidiário.
“Eu desconfiei quando eles embarcaram, pelo comportamento deles. Inicialmente as duas pessoas estavam no banco de trás, mas, assim que eu decolei, um deles pulou para a frente do helicóptero com a pistola na mão. A pessoa que estava no banco de trás que estava com um fuzil. Disseram que não era nada comigo, só mandaram eu ir para Bangu para ‘tirar o colega deles’ da cadeia”, disse o piloto à CNN.
Durante a ação dos criminosos, o agente afirmou que tentou fazer um pouso forçado da aeronave, mas acabou entrando em luta corporal com os sequestradores.
Risco de queda
Imagens obtidas pela CNN mostram o momento que o helicóptero estava perto do solo, com risco de colisão.
Em nota, a Polícia Civil confirmou a luta corporal e que, após alguns segundos, percebendo que o helicóptero cairia, os bandidos deixaram o piloto voltar a conduzir a aeronave.
Já com o trajeto modificado, os criminosos desistiram do plano de descer na área de presídios de Bangu e mandaram o piloto seguir para Niterói, onde pularam do helicóptero em uma área de mata.
“Depois que eles desistiram de fazer o resgate no presídio, eu achei que eles iam fazer uma retaliação comigo. Eu disse para eles que, se a gente fosse para a prisão, eles iam morrer e que desistir da ideia foi a melhor coisa. Mas mesmo assim eu fiquei com medo de uma vingança quando e pousasse o helicóptero”, disse o piloto.
Após a fuga, o piloto pousou no Grupamento Aeromóvel da Polícia Militar, em Niterói. A Polícia Civil do Rio de Janeiro afirmou que buscas foram realizadas em toda a mata da região para localizar os sequestradores.
A polícia agora trabalha para identificar e prender os bandidos para esclarecer qual era o objetivo dentro do presídio, além da apuração do sequestro.
Ações de segurança
A CNN apurou que a empresa do helicóptero sequestrado é a Helirio, que fica localizada no Recreio, na zona oeste do Rio de Janeiro. Os voos são cobrados por hora, e cada hora custa em média entre R$ 3,5 e 4 mil. Procurada, a empresa ainda não se manifestou sobre o caso.
A CNN questionou a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) sobre as ações de segurança para manter o controle do espaço aéreo próximo aos presídios.
Em nota, a Seap afirmou que, apesar das informações veiculadas, o setor operacional da pasta não apontou nenhuma movimentação atípica nas unidades prisionais do Complexo de Gericinó.
A pasta disse também que todas as unidades possuem equipes de segurança prontas para intervir em caso de alguma tentativa de fuga ou de invasão, e reforçou que a Superintendência de Inteligência, com apoio da Corregedoria e a Subsecretaria Operacional, seguem apurando uma possível vinculação de algum preso com o ocorrido.
A Seap afirmou ainda que segue aguardando a evolução das investigações realizadas pela Draco e que medidas internas foram adotadas para continuar garantindo a segurança do sistema prisional.