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    PF faz operação contra fraudes em venda de gado em terra indígena no Pará

    Agentes apreenderam bens de quatro suspeitos que permitiram comercialização de 7,4 mil bois criados ilegalmente em Apyterewa

    Rafael Saldanhada CNN

    A Polícia Federal realizou uma operação contra fraudes na comercialização e criação de gado em terras indígenas no Pará, nesta terça-feira (19).

    A Operação Boi Pirata, em conjunto com o Ministério Público Federal (MPF), apreendeu dados e bens de quatro suspeitos que permitiram a comercialização de 7,4 mil bois criados ilegalmente em Apyterewa.

    Os agentes cumpriram sete mandados de busca e apreensão nas cidades paraenses de São Félix do Xingu, Tucumã, Redenção e Parauapebas. Além das casas dos investigados, duas fazendas utilizadas nos crimes também foram alvos da ação.

    A Justiça Federal determinou a quebra do sigilo bancário, fiscal e telefônico e o bloqueio de bens dos quatro alvos da operação, assim como de outros quatro suspeitos. Ao todo, foram bloqueados R$ 17 milhões em bens de oito investigados.

    Veja abaixo um vídeo das buscas desta terça. 

    A operação foi resultado de uma investigação do MPF, que aponta as fraudes chamadas de triangulação, lavagem ou esquentamento de gado.

    Segundo o MPF, os suspeitos escondiam a origem do gado, simulando que a criação ocorreu legalmente. Isso porque eles inseriam dados falsos nas Guias de Trânsito Animal (GTA), que são os sistemas de controle de origem e destino dos animais.

    Perícias agronômicas do ministério mostraram que os índices de produtividade das fazendas, onde os envolvidos alegaram como origem do gado, são incompatíveis com a capacidade das terras e com os investimentos feitos em tecnologia, infraestrutura e insumos.

    De 2012 a 2022, 47,2 mil bovinos criados ilegalmente na terra indígena Apyterewa, em São Félix do Xingu, foram comprados por 414 fazendas no Pará.

    As negociações são estimadas em mais de R$ 130 milhões, segundo o MPF. Nesse período, a Apyterewa foi uma das terras indígenas mais desmatadas do país.

    Ações contra pecuária ilegal

    O MPF anunciou, nesta terça-feira (19), que entrou com 25 ações judiciais contra os maiores compradores de bois criados ilegalmente na área indígena.

    O órgão pleiteia que os acusados sejam condenados em R$ 66 milhões em indenizações ambientais e em danos morais coletivos aos indígenas Parakanã.

    Somente em 2023, o MPF pediu um total de R$ 115 milhões em indenizações para a recuperação da área e a proteção dos indígenas.

    Nas duas fases da Operação Boi Pirata, o ministério pediu que frigoríficos não comprassem gado de fazendas que descumprissem critérios do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) da Carne Legal.

    Nesta segunda etapa da ação, a Justiça suspendeu as atividades econômicas dos investigados, determinando o bloqueio da emissão e do recebimento de GTAs pelas fazendas de propriedade dos suspeitos.

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