PF encontra indícios de falsidade ideológica em negociações da Covaxin
Ato teria sido cometido por funcionários da Precisa, que atuaram nas negociações junto ao ministério da Saúde, diz a PF
A Polícia Federal encontrou indícios de falsidade ideológica, utilização de documentos falsos e associação criminosa cometidos por funcionários da Precisa Medicamentos que atuaram nas negociações junto ao Ministério da Saúde para venda da vacina Covaxin para o Governo Federal.
A informação foi confirmada pela CNN nesta quarta-feira (3). De acordo com a investigação, a PF também achou indícios de lavagem de dinheiro cometidos por dirigentes da empresa Fib Bank, que garantiu a assinatura do contrato, mas sem consentimento do Banco Central.
Essa descoberta permitiu à PF realizar, no mês passado, outra operação de busca e apreensão na sede da Precisa Medicamentos, em endereços ligados a Francisco Maximiano – sócio da Precisa -, além de Marcos Tolentino, apontado pela CPI como sócio oculto do Fib Bank e Emanuela Medrades, diretora técnica da Precisa.
Os fatos apurados que deram origem ao inquérito aberto pela PF saíram da CPI da Pandemia do Senado Federal.
O Ministério da Saúde pretendia comprar 20 milhões de doses da Covaxin, vacina produzida na Índia pela Bharat Biotech, ao custo aproximado de R$ 80 a dose — a mais cara adquirida pelo governo. Cerca de R$ 1,6 bilhão seriam empenhados.
Para ter ideia, a dose da vacina AstraZeneca produzida pelo Fiocruz custa US$ 3,16 (cerca de R$ 15,85). A Coronavac, do Instituto Butantan, R$ 58,20 por dose.
O contrato, assinado em agosto, foi cancelado pela Controladoria Geral da União (CGU), que encontrou irregularidades na transação.
A CNN aguarda posicionamento da Precisa Medicamentos e da defesa de Francisco Maximiano e tenta contato com representantes do Fib Bank.
Resposta do Fib Bank
Em nota, o Fib Bank se posicionou sobre as investigações; confira abaixo na íntegra.
“O FIB Bank é uma empresa com regular funcionamento e provê garantias fidejussórias (fianças) para empresas privadas e pessoas físicas, como fazem outras tantas empresas desse setor. Com autorização judicial ou administrativa, eventualmente esses afiançados oferecem nossas garantias a órgãos públicos, mas sempre numa relação entre particulares (ou no jargão do mercado “ B2b”), o que é amparado pelos artigos 822 e seguintes do Código Civil brasileiro. O Fib Bank não atua perante órgãos públicos.
É uma empresa robusta, lastreada em sólida estrutura de capital, formada por imóveis que, a despeito de qualquer declaração, estão devidamente registrados e avaliados, com confirmação por perícias judiciais, bem assim por depósito bancário de R$ 100 milhões.
Por não ser um banco, não precisa ter suas atividades regulamentadas pelo Banco Central ou pela Superintendência de Seguros Privados (Susep).
O FIB Bank reitera que o senhor Marcos Tolentino da Silva não é, nem nunca foi, sócio oculto do FIB Bank.
O FIB BANK reitera que não existe qualquer indício de crimes imputáveis a diretores da empresa. Especialmente, destaca-se que as investigações já identificaram o autor de apontada falsidade na fundação de empresa antecessora, com uso da identidade de pessoas que não participaram do ato. Lembre-se que os atuais acionistas não participaram de qualquer irregularidade nesse sentido. E acrescenta que, a exemplo da postura de transparência adotada durante a CPI da Covid-19, segue à disposição das autoridades para prestar todos os esclarecimentos e todos os documentos necessários para a comprovação da idoneidade e lisura de suas atividades.”