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    Petrópolis: desastres são frutos de décadas de crescimento desordenado, diz especialista

    Em entrevista à CNN, Gerardo Portela, especialista em gerenciamento de riscos, disse que autoridades não souberam lidar com crescimento das cidades

    Duda CambraiaTiago Tortellada CNN*

    Desastres como o que ocorreu em Petrópolis nesta semana, onde chuvas e deslizamentos já deixaram mais de 100 mortos, são frutos de décadas de crescimento desordenado das cidades aliado à complacência das autoridades, de acordo com Gerardo Portela, especialista em gerenciamento de riscos.

    “A cidade se expandiu e vimos por décadas uma complacência em relação às ocupações irregulares de regiões de difícil construção civil”, afirmou.

    Em entrevista à CNN nesta quinta-feira (17), Portela analisou que diversas construções em regiões com morros e montanhas, como em Petrópolis, necessitam de muito dinheiro e conhecimento técnico para que sejam seguras, o que não acontece na maioria das casas. Ele complementa que muitas delas são “completamente irregulares”.

    O especialista em gerenciamento de risco complementa não há estrutura de resposta para um acontecimento deste tamanho e que “se vier mais chuva, a situação no município vai ser muito grave”, tendo as chuvas destruído a infraestrutura da cidade e “estragado o solo”.

    “Recomendamos a saída do máximo de pessoas de Petrópolis”, pontuou.

    Em 2017, o Plano Municipal de Redução de Risco (PMRR) constatou que havia, pelo menos, 15.240 residências no primeiro distrito de Petrópolis em áreas de risco alto e muito alto para deslizamentos de terra.

    A CNN tentou contato com a prefeitura de Petrópolis para saber o que foi feito em relação às medidas elencadas como fundamentais para reduzir os riscos de desastres por causas naturais, mas que poderiam ser evitados em decorrência de prévia ação humana. Porém, até o momento, não houve resposta.

    No entanto, conforme disse à CNN o engenheiro geotécnico Luís Carlos de Oliveira, um dos responsáveis pelo PMRR, o que se observou ao longo destes cinco anos foi o oposto em relação ao controle da densidade habitacional nestas áreas de perigo iminente.

    “Todas as reflexões feitas após o estudo indicam para questões estruturais de urbanização, controle urbano e de soluções de habitação – e não apenas obras estruturais. Em toda a região onde ocorreu a catástrofe desta terça-feira foi observado um adensamento nesses locais, com aumento e intensificação da ocupação nesses últimos anos”, destacou o especialista.

    Portela destacou que os fenômenos como as pancadas de verão são conhecidas no Brasil e que vão continuar acontecendo – por mais que a tempestade desta semana tenha sido a maior da história de Petrópolis – e que com a “expertise tecnológica, engenharia e força econômica” o país faz “muito pouco para dar condição de moradia ao seu povo”.

    *com informações de Iuri Corsini, Paula Martini e Rayane Rocha, da CNN

    Veja fotos de como ficou a cidade de Petrópolis após as chuvas

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