Petrópolis: Corpo de criança é trocado no IML após equívoco no reconhecimento
Duas Helenas e as famílias que tiveram de lidar com uma segunda camada da tragédia na cidade
A tragédia em Petrópolis tem deixado marcas irreparáveis por toda a cidade. Mas algumas situações têm aumentado a dor de parentes daqueles que perderam a vida.
Nesta quinta-feira (17), o Instituto Médico Legal (IML) trocou, por engano, o corpo de duas meninas de mesmo nome – Helena. A situação aconteceu quando a família da Helena de 1 ano e 9 meses foi receber o corpo da criança para que fosse feito o velório. Ao chegar lá, o corpo era de uma outra menina, que tinha entre 9 e 11 anos.
Segundo a família da Helena mais nova, o erro aconteceu após um reconhecimento equivocado da família da outra criança.
“Graças a deus um inspetor da polícia civil abraçou nossa causa e explicou a situação pra gente. A outra família acabou reconhecendo a nossa Helena como sendo a deles e, por isso, houve essa confusão toda, gerando esse erro no reconhecimento e na documentação do IML”, disse Guilherme Felicíssimo, padrinho da criança.
A Polícia Civil confirmou à CNN oficialmente a versão dita à família no Instituto. Segundo a corporação, na hora do reconhecimento, o pai de uma das Helenas a identificou como sendo sua filha, mas, na verdade, a criança era da outra família. A polícia enfrenta dificuldade para fazer a liberação dos corpos, pois muitos chegam irreconhecíveis.
A CNN está buscando contato com a família da Helena mais velha, mas ainda não conseguiu.
Guilherme disse que a mãe de Helena, Gisele, estava desde ontem no IML aguardando a resolução da burocracia para liberação do corpo para que a criança pudesse ser velada e enterrada. Segundo ele, o IML informou que não poderia liberar o corpo por conta do horário, já que não seria mais possível realizar o enterro naquele momento.
“Aí hoje fomos lá (no IML) achando que a situação seria resolvida de forma rápida, fomos lá cedo, e na hora de liberar o corpo, mandaram o corpo errado. O nome era o mesmo, mas na hora de cadastrar eles acabaram cadastrando a nossa Helena como uma outra criança”, relatou o padrinho da menina.
Depois de muita espera e sofrimento, a Helena de 1 ano e 9 meses foi enterrada às 16h desta sexta-feira (18), em Petrópolis. O velório ocorreu pouco antes, com o caixão fechado, devido às condições do corpo. Guilherme e família agora esperam seguir adiante e reconstruir a vida, apesar da inestimável perda.
Helena estava em casa, na rua dos Ferroviários, no Morro da Oficina, quando houve o deslizamento de terra. A casa dela era no pé do morro, já quase no asfalto. Além da criança, sua avó e sua madrinha também perderam a vida.
Após a tempestade de terça-feira (15), que transformou a cidade imperial de Petrópolis em um cenário devastador, já foram registradas oficialmente 129 mortes, 218 desaparecidos e 849 desabrigados. As buscas continuam e a previsão para os próximos dias é de mais chuva no município.
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