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    Pessoas LGBTQIAP+ têm mais que o dobro de chances de sofrer violência, diz pesquisa

    Segundo estudo da UFMG, quase 15% dos entrevistados da comunidade LGBTQIAP+ relataram já ter sofrido agressão física no último ano

    Manoela Carluccida CNN* , Em São Paulo

    Um estudo inédito realizado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em parceria com o Ministério da Saúde e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) constatou que as pessoas LGBTQIAP+ correm o dobro de riscos de sofrer violência no Brasil na comparação com a população geral.

    A pesquisa contou com a participação de 88.531 pessoas com idade igual ou superior a 18 anos residentes do Brasil e também utilizou a base de dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019. Os entrevistados se identificaram, em sua maioria, como heterossexuais.

    Com relação à violência total, ou seja, qualquer conduta que constranja ou intimide alguém, as pessoas LGB+ tiveram 2,52 vezes mais chances de sofrer violência do que as heterossexuais.

    A coordenadora do estudo e professora da UFMG, Deborah Carvalho, diz que esse risco maior ocorre para as pessoas LGBTQIAP+ uma vez que se “diferem daquilo que é esperado enquanto padrão estabelecido”, por isso essa população encara uma discriminação maior.

    Sobre os tipos de violência: a pesquisa indica que as pessoas LGB+ têm 3 vezes mais chances de serem vítimas de violência física, sendo que 14,7% delas informaram já ter sofrido algum tipo dela, além de a possibilidade de pessoas LGB+ passarem por algum tipo de violência sexual ser quase 5 vezes maior do que a de heterossexuais. A violência psicológica atingiu 40,03% dos entrevistados LGB+ e 16,73% da população heterossexual.

    Todos os tipos de violência estão mais presentes entre mulheres LBG+, diz a pesquisa. Deborah Carvalho encara esse fato como relacionado a “componentes da sociedade brasileira que temos que discutir.”

    O estudo da UFMG foi publicado na mesma semana em que foi divulgado do Dossiê da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), que afirma que o Brasil é o país com mais mortes de pessoas trans no mundo pelo décimo quarto ano seguido. Segundo o dossiê, só em 2022, 131 pessoas trans foram assassinadas no Brasil, outras 20 tiraram sua própria vida diante de toda a discriminação que sofrem.

    O Ministério Dos Direitos Humanos e da Cidadania emitiu uma nota após o recebimento do dossiê, nesta quinta-feira (26). Nela, o ministro Silvio Almeida afirma acreditar que “se não tivermos a decência de mudar essa realidade, não merecemos ser um país”.

    A secretária nacional do ministério, Symmy Larrat destacou na nota oficial que pretende “ultrapassar a simbologia de ser a primeira travesti a ocupar o cargo atual” e diz que irá “trabalhar com ousadia para realizar entregas importantes para a população brasileira”.

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