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    Pesquisa da USP revela que aquecimento global diminui tempo de vida de árvores

    Estudo foi publicado em uma das revistas científicas mais importantes do mundo

    Por Evandro Cini, José Brito e Vital Neto, da CNN, em São Paulo



     

    Um estudo coordenado por pesquisadores brasileiros do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP) analisou dados dos anéis de crescimento de 438 espécies de árvores ao redor do mundo e descobriu que o aquecimento global faz com que árvores situadas nas zonas tropicais vivam por menos tempo.

    A pesquisa, que durou quatro anos, foi feita pela USP em parceria com pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia e das universidades de Leeds (Reino Unido), Passau (Alemanha) e da Pontifícia Universidade Católica de Valparaíso (Chile). Os resultados foram publicados na Revista PNAS (Proceedings of the National Academy of Sciences). 

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    Anéis de crescimento de uma Araucária de 219 anos
    Detalhe de anéis de crescimento no tronco de uma Araucária de 219 anos, exposto no Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (11.dez.2020)
    Foto: Kleberth Nina

    As análises demonstraram que árvores que ficam em regiões mais quentes do planeta vivem, em média, 186 anos. Bem diferente da expectativa de vida de árvores que se desenvolvem em regiões extratropicais, onde as temperaturas são mais baixas: 322 anos.

    “Quando você aumenta a temperatura, a flor vem antes e o fruto vem antes. Então, ela cumpre o ciclo de vida mais rapidamente”, explicou o professor Marcos Buckeridge.

    O estudo aponta que as árvores morrem mais cedo em ambientes onde a temperatura média supera 25,4°C. Segundo os pesquisadores, 37% das áreas tropicais já estão nesta situação e, até 2050, a expectativa é de que as altas temperaturas prejudiquem 60% dos territórios. O problema é que, ao morrer, as árvores devolvem ao meio ambiente todo o carbono armazenado em anos de existência.

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    “À medida que essas árvores morrem, elas abrem espaço para novas árvores, que são dragas de carbono. Elas crescem muito rápido e assimilam muito carbono. Só que, até que elas façam o estoque de carbono, pode levar duas, três décadas e nós não temos tempo para esperar tanto”, concluiu o professor Buckeridge.

    Os resultados do estudo ajudam a explicar o aumento da morte de árvores na floresta amazônica desde a década de 1980, bem como de certas espécies das savanas africanas.

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