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    PCC tem ligação com máfias africanas e as FARC, diz promotor

    Lincoln Gakiya investiga a facção paulista há mais de 20 anos

    Pedro DuranBruno Laforéda CNN

    Em entrevista à CNN na manhã desta quarta-feira (10), o promotor de Justiça Lincoln Gakiya, que investiga o Primeiro Comando da Capital (PCC) há mais de 20 anos, informou que a facção está associada a diversos grupos criminosos em todo o mundo. Entre eles, a máfia italiana Ndrangheta, a máfia dos Balcão, que atua no tráfico internacional de drogas, máfias africanas e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC).

    De acordo com Gakiya, a facção paulista já conta com 40 mil integrantes espalhados por todo o país, pela América do Sul e em alguns países da Europa. “O PCC infelizmente cresceu muito nesses 30 anos. De uma pequena facção que começou no interior de um presídio em Taubaté, hoje é uma das maiores organizações criminosas do mundo”, afirmou.

    “Nós temos que trabalhar como os criminosos. Os criminosos se associam (…) E nós precisamos também nos integrar. As forças de segurança e os ministérios públicos têm que agir de forma coordenada, de forma integrada. E essa coordenação é papel do governo federal”, pontou o promotor.

    Operação Fim da Linha

    O promotor de Justiça destacou que a cooperação entre as instituições foi fundamental para a investigação que possibilitou a Operação Fim da Linha, deflagrada nesta terça-feira (9) em São Paulo, na qual foram presos e afastados do cargo os dirigentes de duas empresas que operam linhas municipais de ônibus da capital paulista. De acordo com ele, o Ministério Público tinha uma parte da investigação, mas a Receita Federal e o Coaf foram fundamentais para elucidar o elo financeiro entre as companhias de transporte e o PCC.

    Ainda de acordo com ele, a partir da greve de ônibus nos anos 2000, quando perueiros foram contratados pela Prefeitura, alguns criminosos viram oportunidades de negócios no ramo dos transportes. Por se tratar de uma facção perigosa, há dificuldade em conseguir denúncias e testemunhas sobre esses crimes.

    O promotor explica que os indícios contra as empresas Transwolff e Upbus, alvos da ação de ontem, surgiram apenas depois da deflagração da Operação Sharks, em 2020.

    O MPSP aponta que essas empresas eram as únicas interessadas nas licitações das quais participaram para operar linhas de ônibus que são rentáveis. Esse fator levantou suspeitas. Há mais de cinco casos parecidos segundo Gakyia: “existem outras investigações, há outras empresas com atuação semelhante”, completou. Os inquéritos estão sendo tocados pela Polícia Civil de São Paulo com apoio do Gaeco.

    “A gente tem que passar por uma espécie de ‘compliance’ do setor público, principalmente nessa área de contratação. Veja que eles utilizam laranjas, não é uma lavagem de dinheiro muito simples de ser detectada. Não é o caso de simplesmente pegar um criminoso, colocar uma esposa ou um filho no controle da empresa. Eles têm um tipo de engenharia mais sofisticada. Eles estão usando contadores pra isso. Hoje, pra você ter uma ideia, só em uma das investigações tem mais de 30 empresas que são coligadas”, detalhou o promotor.

    Gakyia esclarece que, durante as investigações, não foi constatada a participação de servidores públicos no esquema, tampouco omissão por parte da Prefeitura de São Paulo.

    Na noite de ontem, O MPSP ofereceu à Justiça duas denúncias contra 26 investigados na Operação Fim da Linha. Na ação desta terça, foram cumpridos três dos quatro mandados de prisão e outras três pessoas foram detidas em flagrante.