Paulo Niemeyer Filho é eleito novo “imortal” da Academia Brasileira de Letras
O médico e escritor vai substituir o professor Alfredo Bosi, que morreu em abril deste ano e ocupava a cadeira 12
Com 25 votos recebidos nesta quinta-feira (18), o médico Paulo Niemeyer Filho, autor de ‘No labirinto do cérebro’, passará a ocupar a cadeira de número 12 da Academia Brasileira de Letras a partir do ano que vem. Ele foi eleito para o lugar do professor universitário Alfredo Bossi, que morreu em abril desse ano.
Niemeyer Filho é o terceiro de cinco novos imortais que estão sendo escolhidos pela ABL na retomada dos trabalhos depois da paralisação imposta pela pandemia.
A Academia passa por uma renovação, depois da morte de cinco integrantes ao longo da pandemia. Para as duas primeiras cadeiras foram eleitos a atriz Fernanda Montenegro e o cantor e compositor Gilberto Gil. Os dois se encontraram pela primeira vez na ABL nesta quinta-feira (18) pouco antes da sessão que elegeu Niemeyer Filho.
Na prática, os três só passarão a participar das sessões com direito à fala e voto depois das cerimônias de posse, que são individuais, cheias de rituais e só devem ser realizadas no primeiro semestre de 2022.
Até lá, eles são convidados para os tradicionais momentos de chá dos imortais, onde podem conversar sobre os assuntos relacionados à ABL. São dois encontros tradicionais, um que antecede e outro que sucede a realização de cada sessão acadêmica.
A CNN apurou que, enquanto Fernanda ficou apenas para o chá, Gil participou da sessão que elegeu Niemeyer Filho mas sem poder votar ou se pronunciar por enquanto.
As outras duas cadeiras ainda não ocupadas terão o destino definido em sessões previstas para a próxima quinta-feira (25) e meados de dezembro.

Niemeyer Filho, que é sobrinho do arquiteto Oscar Niemeyer e leva o nome do pai, que também foi médico, venceu o professor indígena Daniel Munduruku, que se manifestou no Twitter depois de ter recebido nove votos entre os imortais. “De minha parte gratidão sem fim a todos vocês que entraram nessa campanha comigo e eu acredito muitíssimo no poder, na força dessa unidade que surgiu entre a gente. Estou no campo, estou jogando, estou me preparando para a próxima campanha já”, afirmou em vídeo.
Essa vaga é percebida como pertencente à bancada do Rio de Janeiro, ainda que a casa não tenha essas divisões, ao menos formalmente. Por isso, o candidato paulista, Gabriel Chalita, abdicou da disputa e concorrerá à cadeira 39, na próxima semana.
Médicos imortais
A ABL já teve expoentes da medicina entre seus quadros. Entre eles, um cirurgião plástico: Ivo Pitanguy. O livro que credencia Niemeyer na disputa é “No labirinto do cérebro”, publicado em 2020, pela Companhia das Letras.
O pai dele também foi neurocirurgião, que batiza o Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer, do qual o filho é diretor, no Centro do Rio.
Paulo Niemeyer Filho é sobrinho de outro gênio brasileiro que esteve diversas vezes cotado para a ABL: o arquiteto Oscar Niemeyer. Nas diversas oportunidades, acadêmicos apostaram que ele seria eleito por unanimidade, caso concordasse em entrar na disputa, o que nunca aconteceu. O expoente da arquitetura moderna morreu em 2012, aos 104 anos.
Combate ao negacionismo
“Nós desejamos que a ABL possa refletir o Brasil em toda a sua grandeza e em todos os seus sentidos. Mas obviamente cada instituição tem o seu relógio institucional que vai respondendo aos anseios republicanos do nosso país. Uma coisa importante que marca hoje a entrada do Paulo Niemeyer é o valor da ciência”, disse em entrevista coletiva o presidente da ABL, Marco Lucchesi.
“Durante todo o tempo, do ano passado pra esse, nós encontramos lamentavelmente uma negação da ciência. E quem está entrando é um médico, é um homem que defende a ciência, que pautou sua vida sobre a grande tarefa de salvar outras vidas. Portanto a presença de Paulo Niemeyer é carregada de um grande simbolismo”, completou.