Passagem de ‘ciclone bomba’ deixa pelo menos três mortos em Santa Catarina
Cerca de 1,3 milhão de casas e endereços comerciais ficaram ser energia após ventos de até 120 km/h
Pelo menos três pessoas morreram e 1,3 milhão de casas e endereços comerciais ficaram sem energia após os temporais desta terça-feira (30) em Santa Catarina. As chuvas e ventos fortes, causados pela formação de um ciclone extratropical (ciclone bomba) derrubaram árvores e fizeram estragos em diversas regiões do estado.
De acordo com a Defesa Civil de Santa Catarina, uma idosa de 78 anos morreu após a queda de uma árvore em Chapecó. Em Santo Amaro da Imperatriz, morreu um homem atingido por fios de alta tensão. Tijucas também registrou uma morte, ainda não especificada, além de uma pessoa desaparecida.
Somente em Florianópolis, capital catarinense, foram registradas 272.175 interrupções de energia. Blumenau foi a segunda região mais afetada, com 192.764 cortes de distribuição.
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu alerta laranja na tarde desta terça-feira para ventos fortes na região Sul do Brasil. O informe se deve ao ciclo extratropical, também conhecido como “ciclone bomba”. De acordo com o instituto, o fenômeno deve ganhar força até esta quarta-feira (1º).
No Rio Grande do Sul, o temporal também causou destruição. O Comando Rodoviário da Brigada Militar/RS registrou o bloqueio total da rodovia de acesso a Nova Roma do Sul, ERS-448, km 24, por deslizamento de base e asfalto.
Mais cedo, nesta terça-feira, a Defesa Civil do Rio Grande do Sul havia emitido um alerta para possível formação de ciclone extra tropical sobre o Oceano Atlântico, decorrente da passagem de frente fria, com instabilidade que pode ocasionar ventos entre 60 e 70km/h no interior e entre 80 e 100km/h na costa gaúcha.
Em Iraí, equipe da Defesa Civil do Estado prestou auxílio às autoridades locais depois do temporal atingiu a cidade. Os primeiros levantamentos indicam que 300 casas foram destelhadas. Pelo menos seis regiões foram atingidas com maior intensidade, de acordo com o boletim do órgão.
Os temporais também atingiram o Paraná, mas com menos intensidade. Até as 18h desta terça-feira (30/6), a Prefeitura de Curitiba registrou 321 solicitações de ocorrências com quedas de árvores ou galhos, em vias públicas e terrenos particulares. Não houve registro de feridos, desalojados ou desabrigados.
Na cidade, 30 endereços foram destelhados pelas fortes rajadas de vento que, de acordo com o Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar), ultrapassaram 74 km/h.
A orientação em meio aos temporais é que as pessoas se abriguem em local seguro, mantenham distância de postes, árvores e placas de publicidade e, se possível, desliguem equipamentos da rede elétrica, além não entrarem em alagamentos.
O que é o “ciclone bomba”?
Em entrevista à CNN, o meteorologista da Climatempo André Madeira explicou a formação deste fenômeno natural. Segundo ele, a ocorrência, que gera ventos de até 100 km/h, faz parte de “sistemas relativamente comuns” para esta época do ano na região Sul.
“São relativamente comuns nesta época do ano, e ocorrem aqui, no litoral do país, na região Sul, principalmente entre maio e setembro. São áreas de baixa pressão que, geralmente, se formam associados à uma frente fria. Também há a possibilidade de neve na Serra Gaúcha na quinta-feira (2)”, disse.
“O interessante dele é que o vento gira em torno de centros de baixas pressões no sentido horário, tornando os ventos muito intensos. Uma particularidade dele é que ele tem uma baixa queda de pressão no curto espaço de tempo, por isso este nome”, acrescentou ele.
Madeira explicou ainda que uma das consequências causadas por este ciclone é a formação de ondas, com agitação do mar no litoral do Sul e Sudeste. “Em todo litoral são esperadas ondas de cinco a seis metros. Algo como assoprar uma bacia cheia d’água”, exemplificou.