Pantanal: dormitório das araras-azuis é preservado, mas fogo acaba com entorno
Bióloga alerta que aves ficaram sem local para buscar alimentação e água no Mato Grosso
O fogo que se alastra há semanas pelo Pantanal ameaça o dormitório de cerca de 700 araras-azuis que vivem na Fazenda São Francisco do Perigara, no Estado do Mato Grosso. O local é um refúgio dessas aves e fica ao norte da região do Pantanal.
Na segunda (17), as chamas destruíram parte da área que é considerada refúgio destes animais. Além das araras azuis, o local reúne dezenas de papagaios, periquitos, maracanãs e outros exemplares da fauna. Em trabalhos de campo, foram observados grupos com mais de 90 urubus-rei e espécies ameaçadas de extinção como onças pintadas, lobo guará e tamanduá bandeira.
Apesar de não estar entre as espécies com risco de extinção, a situação das araras-azuis é vulnerável, segundo a União Internacional para Conservação da Natureza. Em entrevista à CNN, na manhã desta terça-feira (18), Neiva Guedes, bióloga e presidente do Instituto Arara Azul, analisou o cenário e os impactos das queimadas para a fauna local.
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“Nesta região, desde a década de 1990 não tinha uma queimada tão grande. Ela já está queimando desde o final de julho. A extensão da queimada foi muito grande. É uma vigília constante e é um fogo que não acontecia há muito tempo”, pontuou.
De acordo com a bióloga, a fazenda é um local de dormitório das araras-azuis. E que, portanto, elas têm o hábito de se reunirem na propriedade há décadas. “O dormitório delas ainda está preservado. Porém, o entorno dele, onde elas se alimentam, está todo queimado. Está faltando água e comida neste momento”, acrescenta.
“As aves ainda estão em perigo. O fogo que vem atingindo a região da propriedade está controlado, mas não está totalmente apagado. Somente quando chover isto vai acontecer. Portanto, neste momento, eles estão em vigília”, finaliza.