Pai de Henry Borel pede que conversas apagadas de Jairinho sejam recuperadas
Leniel Borel solicitou ainda que outros aparelhos apreendidos pela Polícia Civil sejam periciados
Leniel Borel, pai do menino Henry Borel de Medeiros, de quatro anos, morto em 8 de março, em circunstâncias ainda investigadas, pediu ao Judiciário do Rio de Janeiro que os peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) recuperem mensagens que teriam sido apagadas do celular do médico Jairo Souza Santos Júnior, o ex-vereador Dr. Jairinho, um dos suspeitos do crime.
Os advogados de Leniel ainda solicitam que os peritos justifiquem os motivos para que os dados de nove aparelhos apreendidos pela Polícia Civil não tenham sido extraídos ao longo da investigação.
Ainda segundo os representantes de Leniel, as conversas que teriam sido sistematicamente deletadas no dia 12 de março compreendem um período por eles considerado fundamental para a descoberta de possíveis articulações e podem trazer revelações sobre as condutas dos dois acusados: o ex-vereador e a mãe do menino, Monique Medeiros. A perícia aponta que o menino chegou morto ao hospital, depois de sofrer agressões no interior do apartamento do casal.
Em um trecho da petição, os advogados Márcio Cavalcante da Silva e Igor Luiz Batista de Carvalho fazem referências às informações não recuperadas.
“Consta nos referidos arquivos extraídos, que os dados apontados como não recuperados foram apagados pelo usuário, no dia 12/03/2021 às 13h45min, porém a obscuridade que salta aos olhos não é tão-somente quanto ao fato das mensagens estarem suprimidas, mas, sobretudo, o fato de que esses dados são conversas entre os dias 08/03/2021 e 12/03/2021, ou seja, a partir da data da ação criminosa e seus dias subsequentes”, diz a peça.
O pedido foi endereçado à juíza Elizabeth Louro Machado, da 2ª Vara Criminal da Capital, do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJ-RJ). Conforme solicitaram os advogados, após esclarecido o que qualificam como “apagão de dados” pelo ICCE, o órgão deverá empregar “as soluções tecnológicas necessárias com o fito de trazer à tona aquilo que o acusado Jairo tanto quis esconder”.
O ex-vereador e Monique Medeiros foram indiciados por homicídio triplamente qualificado: por motivo torpe, emprego de meio cruel e sem oferecer chance de defesa. A mãe de Henry também foi indiciada por tortura omissiva, quando não se atua para evitar a prática do crime. Os dois estão presos no Complexo Penitenciário de Gericinó, na zona oeste do Rio, desde oito de abril, um mês após a morte do menino.
Advogado do ex-vereador, André Braz disse que havia “constatado esta lacuna justamente no período mais sensível das investigações”, e que o cliente nada tem a esconder.