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    Paciente de clínica de reabilitação morre após tortura; funcionário é preso em Cotia (SP)

    Local foi interditado e funcionava “sem nenhum tipo de autorização para funcionamento” segundo Prefeitura de Cotia. A Secretaria da Saúde da cidade identificou sinais de maus tratos em outros pacientes

    Guilherme Gamada CNN , São Paulo

    O paciente de uma clínica de reabilitação para dependentes químicos em Cotia, na Grande São Paulo, Jarmo Celestino De Santana, de 55 anos, morreu nesta segunda-feira (8), após ser amarrado em uma cadeira e filmado por funcionários do estabelecimento.

    No vídeo, um monitor da clínica, Matheus De Camargo Pinto, de 24 anos, mostra a vítima sem camisa e com os braços presos para trás do encosto da cadeira e diz: “Mais um aí ó, na unidade aí ó Efatá aí ó, acompanhamento…” Quatro homens riem da situação. As imagens foram feitas na sexta-feira (5). Veja o vídeo:

    Na segunda-feira (8), a Guarda Civil Municipal (GCM) foi acionada para atender uma ocorrência no local por lesão corporal e encaminhou Matheus e o enfermeiro Cleber Fabiano da Silva à delegacia de Cotia (SP) para esclarecer o caso.

    O homem que aparece nas imagens foi levado para um posto de saúde na cidade de Vargem Grande Paulista (SP) e morreu durante a ocorrência. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) afirma que a vítima não resistiu aos ferimentos.

    Na delegacia, Matheus confessou gravar o vídeo. A Polícia Civil ainda acessou o celular do terapeuta e encontro um áudio que ele enviou o perfil “Danny vovó criminosa”, no qual admite a agressão: “Cobri no cacete, cobri… chegou aqui na unidade fi… pagar de brabo… cobri no pau. Tô com a mão toda inchada.” O celular dele e de Cleber foram apreendidos. Ouça áudio:

    O caso foi registrado como tortura qualificada pelo resultado morte, segundo o boletim de ocorrência. Matheus foi preso em flagrante. Na ocorrência, consta que o funcionário usou violência para submeter a vítima, que estava sob seus cuidados, a intenso sofrimento físico ou mental.

    Em entrevista à CNN, o delegado Adair Marques afirmou que Matheus disse que “usou força por algumas vezes para conter a vítima, que era agressivo e teve uns surtos”.

    Nesta terça-feira (9), a prisão de Matheus foi convertida para preventiva. O delegado ainda informa que funcionários da Comunidade Terapêutica Efatá serão investigados para apurar  participação ou omissão da tortura. Os homens que aparecem rindo no vídeo e os donos no local serão ouvidos.

    Clínica interditada

    A Prefeitura de Cotia informa que uma equipe da Vigilância Sanitária esteve no local nesta terça-feira (9) e apurou que se trata de uma clínica particular clandestina “sem nenhum tipo de autorização para funcionamento”, conforme a nota.

    O local foi interditado e o responsável notificado a fazer contato com os familiares dos internos para a imediata remoção de todos que permaneciam no espaço, segundo a prefeitura. A Secretaria da Saúde da cidade ainda informa que identificou sinais de maus tratos em outros pacientes.

    A CNN tentou contato com a defesa do estabelecimento e do acusado e não obteve retorno até a publicação desta matéria.

    *Com informações de Thomaz Coelho

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