Paciente com síndrome de Down passa mal e morre após receber alta em UPA no DF
Ao sair da UPA, a vítima passou mal e a mãe buscou ajuda novamente, mas o médico disse que deveriam voltar para casa
Uma mãe denunciou negligência no atendimento prestado ao filho de 30 anos com Síndrome de Down em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) em Ceilândia, no Distrito Federal. Warlley Eduardo Pires morreu após receber alta do local na última sexta-feira (10).
Segundo o relato de Maria de Lourdes Pires, eles foram à UPA por conta da glicemia de Warlley que estava alta. Ele foi medicado e recebeu alta.
Ao sair da UPA, no entanto, a vítima passou mal e a mãe buscou ajuda novamente. De acordo com ela, o médico disse que o paciente deveria voltar para casa.
“Nesse meio tempo, ele começou a se debater e ficar agitado. Chegando no médico, eu falei ‘doutor, meu filho, não está bem e eu não vou para casa’, e ele respondeu ‘seu filho está com pneumonia, você já está com as orientações, né? Pode ir para casa, porque ele está de alta'”.
Maria de Lourdes conta ter insistido e esperado com o filho em uma sala de espera por “muito tempo”. Warlley continuava agitado, bateu a cabeça no chão e, mesmo assim, liberaram para ir embora.
“Eu falei para o médico que meu filho tinha batido a cabeça no chão e ele disse que ficaria em observação por 24h horas. Depois de um tempo, uma enfermeira chegou e disse que poderíamos ir para casa”.
A mãe também conta que só levaram o filho “para uma sala vermelha” quando ele desmaiou.
“O médico falou que na sala vermelha deu duas paradas cardíacas. Ele já tinha sido sedado e estava em coma”, relatou Maria de Lourdes.
Warlley chegou a ser encaminhado para a UTI, mas não resistiu.
Em nota, o IgesDF (Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal), explica que abriu uma sindicância interna para apurar os fatos relacionados ao atendimento do paciente.
Veja a resposta na íntegra
O IgesDF explica que o paciente W. E. P. C. S. deu entrada da UPA de Ceilândia II no dia 09/03/2023 às 8h50, levado pelo SAMU devido a um quadro de convulsão e febre no dia anterior, avaliado e classificado com gravidade laranja às 8h54 e atendido pelo médico às 9h03.
Foram realizados exames laboratoriais e RX, iniciado antibiótico venoso. O paciente evolui com agitação psicomotora, foi administrado medicamento conforme quadro clínico apresentado.
Por volta das 14h10, evoluiu com rebaixamento do nível de consciência, encaminhado para sala vermelha para melhor avaliação, sinais vitais e exames laboratoriais.
Evolui em parada cardiorrespiratória às 14h20, sendo realizadas as manobras de reanimação conforme protocolo ACLS e Intubação Orotraqueal. Após 30 minutos, restabeleceu circulação espontânea, acoplado ao ventilador mecânico e submetido a medicamentos.
Apresentou nova PCR, novamente restabelecida circulação central.
Ele foi prontamente inserido em leito de regulação, com solicitação de Leito de UTI. O leito de UTI foi disponibilizado no Hospital de Samambaia e o paciente foi transferido às 23h45 do mesmo dia.
O óbito não ocorreu na UPA.
O IgesDF informa que abriu uma sindicância interna para apurar os fatos relacionados ao atendimento do paciente.
