Paciente acusa médico da Prevent Senior de importunação sexual em hospital
Caso teria ocorrido com paciente atendida no pronto-socorro da rede com crise alérgica
A Polícia Civil de São Paulo investiga um caso de importunação sexual que teria ocorrido dentro de um dos hospitais da rede Prevent Senior em São Paulo em 2020.
No inquérito policial a que a CNN teve acesso, a paciente Silvia Cristina Miessa Neto Rodrigues, de 56 anos, detalha o que teria ocorrido no dia em que teve uma reação alérgica e foi atendida no pronto-socorro da rede:
“(…) o averiguado, que é médico, passou a mão na parte superior interna de sua coxa, seios, bem como passou a acariciar seus braços. Em seguida o averiguado saiu e ao retornar, novamente, acariciou suas partes íntimas. Outrossim, aos poucos, enquanto ninguém via, encostou o pênis dele na mão dela, que tirou a mão do local. Alega que segurou na grade da maca e ato contínuo o autor deu a volta, se posicionando do lado da vitima, pegou a mão dele e colocou dentro da cueca, acariciando seu pênis, momento em que a vítima viu a cor de sua cueca (preta). Aduz ainda que estava sem condições de oferecer resistência, pois não conseguia falar ou pedir socorro, já que estava com crise alérgica (com a glote fechando).”
A suposta vítima fez esse primeiro relato à delegacia da mulher. Depois, no dia 20 de agosto de 2020, ela prestou um segundo depoimento dando mais detalhes do episódio. O acusado é um clínico geral que trabalha há três anos na Prevent Senior.
Ele se defendeu na polícia cinco dias depois. Negou todas as acusações. Afirmou que que o local em que ele atendeu a paciente era aberto, o procedimento foi acompanhado por uma parente e por uma enfermeira, que estava paramentado com roupa protetiva em razão da Covid-19 e que a altura da maca também impediria que a importunação fosse viabilizada.
Não foi a primeira vez que o médico precisou prestar esclarecimentos sobre sua conduta no hospital. Três meses antes da denúncia de Silvia Cristina, a Prevent Senior comunicou o médico que havia recebido uma denúncia de assédio sexual contra ele. De acordo com o boletim de ocorrência, ele foi acusado por meio de uma mensagem em rede social de ter assediado sexualmente uma paciente. O médico disse à polícia, preventivamente, que “uma pessoa chamada Bianca, onde fez acusações em meu nome, no teor da mensagem dizia que Bianca estava com sua tia internada no hospital e que sofreu assédio sexual por mim. Venho por meio desta informar que não houve assédio. Sempre trabalhei de forma correta e com dedicação”.
O diretor-executivo Pedro Batista Junior, que prestou depoimento na CPI da Pandemia em Brasília, também foi ouvido pela polícia. Disse que houve uma investigação interna e que o resultado foi pela “manutenção do investigado na função uma vez que o histórico bem como o procedimento adotado foi o correto não havendo conforme o que foi apurado nenhuma conduta que o desabonasse”.
Os autos foram remetidos ao Ministério Público e as investigações estão em andamento. O Conselho Regional de Medicina abriu uma sindicância que foi concluída em agosto desse ano e determinou o arquivamento da acusação. A paciente recorreu ao Conselho Federal de Medicina.
Procurada, a Prevent Senior informou que fez uma apuração interna rigorosa e que não constatou nenhuma irregularidade cometida pelo médico que, segundo a empresa, chegou a ser afastado durante a investigação. A empresa afirma ainda que o arquivamento pelo Cremesp reforça que não houve irregularidades.