Operação policial deixa 25 mortes e é ação mais letal da história do RJ
Ação da Polícia Civil contou com 250 homens e ocorreu na favela do Jacarezinho; de acordo com delegado, investigação buscava combater aliciamento de crianças
Às 6h desta quinta-feira (6), 250 homens da Polícia Civil chegaram à favela do Jacarezinho, na zona norte da cidade do Rio de Janeiro, para a uma operação policial que terminaria como sendo a mais letal na história do estado, com 25 mortos.
Os oficiais foram recebidos a tiros quando chegaram ao local. Além disso, os comércios foram fechados, duas unidades de saúde interromperam o atendimento e as aulas em 12 escolas foram suspensas.
Dentre as 25 mortes, está o policial André Frias, 44. Os outros, segundo os responsáveis pela ação são todos suspeitos por algum crime. Dois passageiros do metrô também foram atingidos por balas perdidas.
Foram apreendidos cadernos do tráfico, rádios, celulares, drogas, granadas, 24 armas e munições. Para a Defensoria Pública do Rio de Janeiro, houve excesso na operação.
Segundo a vice-presidente da comissão de Direitos Humanos da OAB/RJ Nadine Borges são necessários “critérios de análise da eficiência”. “Não acho que uma operação policial que gere 25 mortos, inclusive policiais, possa ser considerada eficaz”, completa.
Não acho que uma operação policial que gere 25 mortos, inclusive policiais, possa ser considerada eficaz
Nadine Borges, vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/RJ
Polícia Civil
Já o delegado da Polícia Civil Rodrigo Oliveira diz que a violência por parte dos criminosos é o que motiva essas ações. “Quanto mais precisa for a informação, maior será a resistência por parte do tráfico”, diz.
“A prova cabal disso é o dia de hoje e a reação não foi mais no sentido de atirar para poder fugir, hoje eles atiram para confrontar o estado e matar o policial. A Polícia Civil não vai mais permitir que isso aconteça.”
A reação não foi mais no sentido de atirar para poder fugir, hoje eles atiram para confrontar o estado e matar o policial. A Polícia Civil não vai mais permitir que isso aconteça
Rodrigo Oliveira, delegado da Polícia Civil
As ações policiais em comunidades durante a pandemia de Covid-19 estão suspensas por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF). Apenas alguns casos são autorizados.
A polícia disse que se trata de um casos excepcional, porque os traficantes estavam recrutando adolescentes para atuar na linha de frente da artilharia do tráfico. O Ministério Público falou que foi avisado às 9h.
Anistia Internacional
A Anistia Internacional considerou a operação lamentável e injustificável e pediu uma investigação que atenda os padrões determinados pela Corte Interamericana de Direitos Humanos.
A presidente da comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ), deputada estadual Renata Souza (PSOL), afirmou que o STF será acionado para averiguar se a DPF 635 foi descumprida.
“O Brasil não tem pena de morte, então qualquer pessoa que é suspeita de alguma coisa, precisa ser investigada, precisa ser presa e não assassinada.”
