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    Operação investiga Cunha por denúncia envolvendo combustível de aviação

    São cumpridos 16 mandados de busca e apreensão em 4 estados – São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Goiás – e no DF



     

    Membros do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT) cumprem, nesta quarta-feira (3), 16 mandados de busca e apreensão contra um esquema de propina que tinha o objetivo de reduzir impostos em combustíveis de aviação na capital federal. Um dos alvos é o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha.

    A Operação Antonov é realizada em 4 estados – São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Goiás – e no DF. Ela investiga crimes praticados entre 2012 e 2014 relacionados ao pagamento de propina direcionada a Nelson Tadeu Filippelli (então vice-governador do Distrito Federal) e a Eduardo Cunha (então deputado federal), “visando alteração legislativa distrital para redução de alíquota de ICMS para querosene de avião”, informou o MPDFT. 

    Após a tramitação legislativa do projeto de lei de iniciativa do Poder Executivo, ele foi convertido na Lei Distrital nº 5.095, de 8 de abril de 2013, que alterou a Lei nº 1.254/96 para, na prática, reduzir a alíquota do ICMS do querosene de aviação civil de 25% para 12%.

    Segundo as investigações, há indícios de pagamento de propina por parte das companhias aéreas Gol e TAM.

    Agentes do Gaeco fazem operação no Distrito Federal
    Agentes do Gaeco fazem operação no Distrito Federal
    Foto: Divulgação – 03.fev.2021 / MPDFT

    A investigação ocorreu a partir de um acordo de delação premiada estabelecido entre o Ministério Público Federal e o operador Lucio Bolonha Funaro. Um dos endereços alvos da ação desta quarta é a casa de Cunha, localizada na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro. 

    O nome da operação faz referência ao Antonov NA-225, o maior avião cargueiro de asa fixa do mundo, com capacidade para mais de 360 mil kg de querosene de aviação.

    A Operação Antonov conta com o apoio dos Gaecos de SP, RJ, ES e GO, do Centro de Produção, Análise, Difusão e Segurança da Informação (CI/MPDFT), da Polícia Civil do DF (Cecor/DF) e da Coordenadoria de Segurança e Inteligência do MPRJ.

    O ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha
    O ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha
    Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

    Como Cunha e Filippelli teriam recebido a propina

    Cunha teria recebido propina por meio da empresa C3 Atividades de Internet Ltda., administrada pela mulher dele, Cláudia Cordeiro Cruz, ou por meio de transferências a companhias ligadas a Funaro. Este teria utilizado os serviços dos doleiros Cláudio (“Tony”), Vinicius (“Juca Bala”) e Carlos (“Tyson”) para fazer com que o dinheiro chegasse ao político. Tony e Juca Bala foram presos na Operação Lava Jato.

    Já Filippelli teria recebido as vantagens indevidas com a ajuda do operador Afrânio Roberto de Souza Filho, por meio da empresa Objetiva Consultoria e Participações Ltda., administrada por Afrânio Filho e o filho dele, Afrânio Neto.

    As investigações apontam que Filippelli teria utilizado parte da propina para comprar imóveis comerciais na cidade de Taguatinga (DF). Acredita-se que, posteriormente, eles foram usados pelo investigado para “integralizar o capital social da empresa Lanciano Investimentos e Participações S/A, administrada por sua então esposa Célia Maria Pereira Ervilha Filippelli”, informou o MPDF.

    Nelson Tadeu Filippelli, ex-vice-governador do Distrito Federal
    Nelson Tadeu Filippelli, ex-vice-governador do Distrito Federal
    Foto: Reprodução / Nelson Tadeu Filippelli via Twitter

    Informações preliminares apontam ainda que o empresário da Gol Henrique Constantino teria participado do esquema, pagando propina a Cunha para que este conseguisse a liberação de empréstimo na Caixa Econômica Federal e a desoneração da folha de pagamento dos empregados do setor aéreo e rodoviário, pontos de interesse da companhia aérea.

    Outro lado

    Nota de Ticiano Figueiredo, Pedro Ivo Velloso e Délio Lins e Silva, advogados de Cunha:

    “A operação de hoje é um retorno ao famigerado período das pirotecnias acusatórias. Não há dúvida de que se trata de algo fabricado politicamente, com o intuito de retaliar, de forma injusta, alguém que vem cumprindo rigorosamente todas as condições que lhe foram impostas pela Justiça ao conceder a prisão domiciliar. Não se buscou nem mesmo disfarçar tamanha ilegalidade. Os próprios investigadores confessam que os fatos, os quais não guardam qualquer relação com Eduardo Cunha, são antigos, não passam de 2014. A defesa do ex-deputado confia nas instâncias superiores do Poder Judiciário para corrigir tamanha ilegalidade.”

    Alexandre Queiroz, advogado de Filippelli, disse que só será emitida nota ou manifestação depois de ter acesso aos autos. “Estou indo ao escritório agora para fazer este requerimento ao magistrado para termos acesso e depois disso é que a defesa vai poder se manifestar”, afirmou ele.

    “Logicamente a surpresa porque pelo que consta esses fatos são bem antigos, remontam 2012. Ainda não tenho realmente todas as informações sobre o caso. A busca foi cumprida de forma bem tranquila, nós colaboramos desde o princípio e vamos ver os desdobramentos agora”, disse Queiroz.

    Nota da Gol:

    “A GOL informa que a Companhia permanece cooperando com as autoridades para prestar todas as informações necessárias.”

    Nota da Latam:

    “A Latam não tem informações sobre esta investigação. A empresa irá colaborar com as autoridades competentes.”

    (Com informações de Vianey Bentes e Teo Cury, da CNN, em Brasília, Camille Couto, da CNN, no Rio de Janeiro, e Bianca Camargo, da CNN, em São Paulo)