Ômicron: Rio mantém Réveillon, mas promete rigor com passaporte vacinal e 3ª dose
Cidade confirmou primeiro caso importado da cepa em uma brasileira de 27 anos que mora nos Estados Unidos e apresentou sintomas leves
A confirmação do primeiro caso da variante Ômicron na cidade do Rio de Janeiro não vai mudar os planos da Prefeitura para a festa de Réveillon. No entanto, a Secretaria Municipal de Saúde prometeu reforçar a fiscalização do passaporte da vacina contra a Covid-19 e a aplicação da dose de reforço.
Após o sequenciamento genômico da Fiocruz, o Rio divulgou nessa segunda-feira (20) que uma mulher brasileira de 27 anos testou positivo para a Ômicron. O caso é considerado importado, já que a paciente é moradora de Chicago, nos Estados Unidos, e chegou ao país no último dia 13. Ela tomou duas doses da vacina da Pfizer, a última delas no dia 1º de março.
O secretário municipal de Saúde do Rio, Daniel Soranz, informou que a mulher infectada está apenas com sintomas leves e reforçou a importância da vacinação contra o coronavírus, especialmente para evitar casos graves e internações.
Casos da variante Ômicron no país
- 40 casos da variante identificados, espalhados em cinco estados e no Distrito Federal
- São Paulo: 20 casos
- Rio Grande do Sul: 10 casos
- Goiás: 4 casos
- Minas Gerais: 3 casos
- Brasília: 2 casos
- Rio de Janeiro: 1 caso
“Acho que, agora, o desafio é intensificar a dose de reforço para as pessoas que já ultrapassaram cinco meses [da segunda dose]. Há uma suspeita que a Ômicron seja uma variante que cause menos casos graves e seja menos letal que as demais. Nesse caso específico, a paciente está com sintomas leves. A gente não sabe se é pela Ômicron causar casos menos graves ou se é a proteção da vacina”, ponderou.
Segundo o secretário municipal de Saúde, 3% das pessoas já aptas no Rio de Janeiro para a terceira dose do imunizante contra o coronavírus ainda não retornaram aos postos. Nesta terça-feira (21), o reforço é destinado a todos com 56 anos ou mais ou com 18 ou mais que já tomaram a segunda dose há mais de cinco meses.
Apesar da recomendação do Ministério da Saúde pela antecipação do intervalo de cinco para quatro meses, o Rio segue com a previsão inicial. No entanto, Daniel Soranz disse que os postos vão aplicar a dose para quem optar pelo prazo de quatro meses.
Soranz ainda informou que a cidade não tem outros casos suspeitos da Ômicron em análise. Já as duas pessoas que tiveram contato com a moradora dos Estados Unidos infectada seguem em monitoramento.
O Governo do Rio de Janeiro divulgou que na última semana emitiu um alerta às vigilâncias municipais para aumento da atenção a casos de pessoas que chegam do exterior e realização de exame PCR para aqueles que apresentarem sintomas gripais.
Segundo o Estado, as amostras positivas para coronavírus são enviadas para sequenciamento e os pacientes recebem acompanhamento por 14 dias, a partir do início dos sintomas.
Passaporte da vacina segue obrigatório
A dez dias do fim de ano, a rede hoteleira da capital fluminense terá 100% dos hotéis ocupados no dia de Réveillon, de acordo com o Rio Convention & Visitors Bureau.
A entidade ainda projeta que os pontos turísticos, como Cristo Redentor e Pão de Açúcar, vão chegar ao patamar de visitantes de 2019, ano anterior à chegada da pandemia.
Com a cidade cheia, queima de fogos mantida para o Ano Novo e festas particulares liberadas, o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, afirmou que a fiscalização do passaporte da vacina vai ser reforçada diante da chegada da Ômicron.
Hotéis, bares, restaurantes, clubes, museus e pontos turísticos são alguns dos locais em que o comprovante é obrigatório.
Apesar do primeiro caso importado da cepa, Soranz avalia que a cidade ainda vive um cenário propício às festas. “É muito importante que cobrem o passaporte. O Rio vive um panorama epidemiológico favorável, com somente 19 pessoas internadas, menor média móvel do número de casos e uma positividade de testes em torno de 0,8%, a menor desde o início da pandemia”, afirmou.
Já a virologista da Fiocruz Marilda Siqueira, coordenadora do laboratório de referência nacional para Covid-19 e gripe do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde, vê com apreensão as festas de fim de ano.
“Acho um pouco arriscado. O Rio está com uma cobertura vacinal muito boa, mas não haverá só os cariocas aqui. […] Eu acho que a população tem que ter muita cautela”, defende.
Integrante do Grupo Consultivo Técnico sobre Evolução do vírus Sars-Cov-2 da OMS, Marilda Siqueira concorda que a vacinação, especialmente o reforço, é fundamental no combate à Ômicron, mas destaca também a importância do uso de máscaras e do distanciamento social.
“Agora, estamos com uma variante que apresenta uma capacidade de transmissão muito maior que a Delta. A vacina é o cuidado mais importante. Aqueles que ainda precisam tomar a segunda dose ou aqueles que podem fazer o reforço, façam o mais rápido possível. Com a Delta, nós esperávamos muito mais casos, hospitalizações. E isso não aconteceu graças à intervenção da vacina”, alerta.